Acusado de feminicídio em Mazagão é preso e conta à polícia detalhes de como matou a vítima

Agentes da Delegacia de Polícia (DP) do município de Mazagão – a 36 quilômetros de Macapá – prenderam na manhã desta sexta-feira, 27, Nicodemos Alcântara, principal acusado de assassinar no último sábado, 21, a ex-companheira, a professora Simone Luz de Freitas, de 47 anos. A ação de captura foi chefiada pelo delegado Anderson Ramos, titular daquela cidade.
“Nico”, como é conhecido, foi localizado e preso em uma residência, no bairro Amazonas, na zona norte da capital amapaense, para onde fugiu logo após o crime. Em depoimento, o acusado confessou ter matado Simone e deu detalhes de como ceifou a vida da vítima naquele dia.
Ele revelou ainda a motivação que o levou a praticar o ato.
“A partir do momento que tomamos conhecimento do crime, iniciamos as investigações e não paramos até prendê-lo na data de hoje. Ele confessou o crime. Inclusive, o depoimento dele foi bem compatível com os das testemunhas e em consonância com o laudo necroscópico, que demonstra diversas pancadas na cabeça, oriundas de socos e asfixia por afogamento. As testemunhas disseram que ele empurrava a cabeça da vítima no rio. E isso foi corroborando com a própria confissão dele. Sobre o que motivou o homicídio, ele manifestou que não aceitava, de fato, o fim do casamento”, detalhou o delegado.

Nicodemos, que concorreu ao cargo de vereador no último pleito, foi indiciado e teve o mandando de prisão expedido pelo crime de homicídio duplamente qualificado por meio cruel e por feminicídio (quando uma mulher é assassinada pelo fato de ser mulher). Durante a ação de prisão, ele estava alterado e resistiu. Segundo a polícia, insistia para que os agentes disparassem para tirar sua vida.
Conforme apontaram as investigações, Simone e o acusado tinham tido um relacionando que, recentemente, havia sido rompido por decisão dela. A autoridade policial contou que o matrimônio dos dois era bastante conturbado. “Conversamos com os familiares e puxamos junto ao sistema da Justiça, onde constatamos vários registros de violência doméstica desde 2019. Porém, ela mesma [Simone] fez a negativa de representação. Recentemente, ela pediu uma medida protetiva de urgência. Novamente, ela não compareceu a audiência. Ele foi, mas ela não, e o processo foi arquivado. Disseram na comunidade que ele já premeditava o crime”, detalhou Ramos.
Ainda hoje, Nicodemos será encaminhado para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), onde deve permanecer até uma segunda ordem judicial.
O caso
A professora Simone foi assassinada na comunidade do Ajurixi. O crime, caracterizado como feminicídio, aconteceu por volta das 18h. De acordo com informações contidas no relatório da polícia, a vítima o o acusado estavam em processo de separação. Ela retornava de um passeio com amigos da escola onde lecionava e foi abordada pelo companheiro quando passava pela comunidade de São Pedro do Lago do Ajuruxi.
Ainda segundo informações, o homem não aceitava a decisão da vítima e tentava reatar o relacionamento. Nesse momento, o agressor segurou a mulher pelo pescoço e a afogou no rio. Um amigo da professora tentou evitar o ato, mas acabou agredido por Nicodemos com uma paulada na cabeça.
Posteriormente, um popular encontrou a vítima já sem vida. O fato foi comunicado aos familiares de Simone, que residem na cidade de Mazagão Novo. Foram eles que acionaram a ambulância para remover o corpo da vítima.
Simone foi morta em meio ao Agosto Lilás, mês onde as campanhas de violência contra a mulher são intensificadas.