Arquiteto explica como planejar construções para enfrentar o calor extremo do verão amazônico
O verão amazônico demanda de soluções arquitetônicas que proporcionem conforto térmico e eficiência energética. Nesse contexto, os arquitetos estão voltados para o desenvolvimento de projetos que se adaptem ao clima peculiar da Amazônia, utilizando abordagens sustentáveis que não apenas enfrentam o calor intenso, mas também respeitam e preservam o meio ambiente.
Segundo o arquiteto Kelvin Almeida, o planejamento arquitetônico para enfrentar as altas temperaturas do verão amazônico exige uma integração harmoniosa entre o ambiente construído e as condições naturais. “Uma das grandes vantagens de construir na Amazônia é a possibilidade de utilizar materiais locais, como madeira de reflorestamento, que possuem propriedades naturais de isolamento térmico e são abundantes na região. Isso não só reduz os custos de transporte, como também valoriza a cultura e os recursos locais,” explica Kelvin.
Além do uso de materiais locais, outro aspecto importante para o sucesso de um projeto arquitetônico sustentável na Amazônia é a ventilação natural. Em um clima onde a umidade é alta e as temperaturas podem ultrapassar os 35°C, garantir a circulação de ar dentro das construções é fundamental. “O uso estratégico de janelas grandes e brises permite que o ar circule livremente, diminuindo a necessidade de ventilação artificial, contribuindo ainda com a eficiência energética da edificação. Projetos que integram pátios internos e jardins de inverno também ajudam a regular a temperatura interna, criando um microclima mais agradável,” acrescenta Kelvin.
Outro ponto destacado por Kelvin, que também é professor da Estácio, é a importância de sistemas de captação de água da chuva, especialmente durante o período de estiagem. “No verão amazônico, mesmo com a estiagem, a região pode enfrentar chuvas intensas em determinados momentos. Captar e armazenar essa água para uso em irrigação ou descarga sanitária é uma prática sustentável que ajuda a mitigar os impactos da seca e reduz o consumo de água potável,” comenta.
O arquiteto também observa que a orientação das edificações em relação ao sol é uma estratégia eficaz para minimizar o ganho de calor. “Posicionar as fachadas de forma a reduzir a incidência solar direta, utilizando elementos de sombreamento, como varandas profundas ou painéis solares, pode fazer uma grande diferença no conforto térmico e na eficiência energética de uma construção,” afirma.
Por fim, ele ressalta que a sustentabilidade em projetos arquitetônicos na Amazônia vai além do uso de materiais ecológicos ou da eficiência energética. “Trata-se de respeitar a cultura local, preservar o bioma e criar construções que sejam resilientes e adaptáveis às condições climáticas extremas. Com a adoção de práticas sustentáveis, não só contribuímos para o meio ambiente, mas também para a qualidade de vida das pessoas que habitam essas edificações,” conclui.