Atleta amapaense do handebol é convocado para a seleção brasileira de Junior
O jovem Luís Gustavo Garcia, de 20 anos, foi convocado para fazer parte dos 14 atletas que irão defender o Brasil nos Jogos Pan-Americanos Junior, na cidade de Cali na Colômbia, com abertura dia 25 de novembro e seguem até dia 5 de dezembro, mas já têm jogos no dia 23 de novembro.
Gustavo Garcia, conhecido como Locomotiva e também Macapá (por ser a cidade natal) vem fazendo uma trajetória campeã ao longo de 6 anos e meio, começando em 2012, quando recebeu de sua mãe o tênis dela, que naquele ano se aposentava no esporte.
A mãe que é uma inspiração e o principal apoio do jovem atleta, Amanda Silva foi atleta por 20 anos, jogou basquete no Clube São José e por 15 anos no handebol, onde o filho convivia com o espirito desportista, assim com 8 anos começou a fazer futsal, depois basquete, mas como a mãe, sua paixão virou o handebol.
“Ele sempre me acompanhava nas minhas atividades e adorava, lembro do dia que ele disse que queria jogar handebol, eu dei meu tênis para ele, naquele dia me aposentei, mas continuei o incentivado”, relembra, Amanda.
Em 2012 ele disputou o Sub 16, e tinha apenas 12 anos, durante a competição ele foi uma grande revelação. O time dele foi campeão. Depois teve uma convocação para o Sub 21, para participar na Guiana, e ele foi convocado, mas infelizmente não pode ir, pois precisava da autorização dos dois pais, e a mãe Amanda lembra com tristeza desse momento, pois não tinha contato com pai, do garoto, tentou pedir a autorização via judicial, mas o documento saiu depois da viagem.
Mas o talento de Gustavo ainda teria outras oportunidades, o seu professor recomentou a mãe a levá-lo para jogar em outro estado, pois segundo ele, Gustavo tinha muito talento. Assim Amanda pegou o garoto e foi fazer um teste no Guarujá em São Paulo, ele treinou por 3 dias lá, o treinador Fábio disse a mãe para ela levar o garoto em Praia Grande, pois o clube tinha mais condições.
“Fomos pra Praia Grande e ele fez um treinamento, fiquei muito nervosa, e ele fez duas jogadas especificas lá, que eu sei que são muito difíceis e ele passou. Eles me perguntaram: Ele pode ficar? Fiquei muito orgulhosa, sei como é ser atleta e o sacrifício que o esportista faz, pedi dois meses pra voltar pra Macapá e resolver as coisas”, relembra Amanda.
Amanda voltou e vendeu tudo que tinha, vendeu também sua pequena empresa de decoração, fez rifas e bingos para arrecadar recursos financeiros, não recebeu apoio nenhum governamental, somente dois deputados, Pedro da Lua e Luís Carlos que ajudaram e ainda dão apoio ao atleta.
“Muito frustrante não receber o apoio das autoridades, mas a família sempre apoiou e ajudou, agradeço muito a minha irmã Nanda oliveira por toda ajuda”, diz Amanda.
Em 2015, mudaram-se em julho, e foram morar na Praia Grande, litoral paulista. Gustavo começou a treinar, sua primeira competição jogando o campeonato juvenil, uma categoria acima dele, participou do campeonato cadete e juvenil, e já teve seu primeiro título, a Copa São Paulo de Cadete.
Em 2017, Amanda conseguiu emprego na capital de São Paulo, Gustavo foi estudar no Colégio Amorim, renomado por oportunizar atletas, e jogou no Metodista São Bernardo, onde foi campeão de handebol dos jogos regionais, quando tinha 16 anos. Foi campeão paulista na rede particular e disputou o brasileiro escolar, sendo vice campeão. Nessa competição ele foi observado pelo professor Chico, que é atualmente o técnico dele, e fez a proposta dele integrar um projeto de time forte que seria montado em Santa Catarina, e em 2018 foram campões de Clubes do Brasil.
Em 2019, Gustavo permaneceu em Santa Catarina e foi eleito o melhor jogador meia direita júnior do Brasil (na categoria dele). Foi convocado para seleção brasileira juvenil, onde disputou o campeonato centro sul americano, venceu o sul-americano de seleções em 2019. No mesmo ano ele foi pra Dinamarca, onde venceu o Generation Handball Cup – Campeonato Indoor e beach.
Em 2020 o atleta permaneceu em Santa Catarina, onde disputou a liga nacional adulta, ficando em 3º lugar com um time completamente Junior. Foi eleito melhor meia direita adulto do Brasil. No segundo semestre de 2021, ele foi campeão júnior na categoria brasileiro júnior, foi eleito melhor meia direita. Participou das regionais da Liga, e também vai participar dos jogos abertos de Santa Catarina.
A família, amigos e todos que ajudaram e apoiaram Luís Gustavo, vão estar na torcida por ele nos Jogos na Colômbia e acreditam que ele ainda vai longe no esporte, quem sabe em Paris em 2026. Mas a mãe ressalta que o jovem ainda precisa de apoio e patrocínio para se manter no esporte.
“Ser atleta do Brasil é difícil, mas ser do Amapá é mais ainda, precisamos de apoio, de patrocínio, de quem acredite no esporte. Temos muitos talentos, mas é preciso dar oportunidade para eles”, destaca Amanda.