Saúde

Consultas urológicas caem na pandemia e profissionais alertam população

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) faz um alerta sobre os impactos da pandemia da covid-19, especialmente na realização de diagnósticos e de tratamentos do câncer de próstata. O alerta é feito no mês em que se desenvolve a campanha mundial Novembro Azul, que busca chamar a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina.

As cirurgias para retirada da próstata por câncer tiveram redução de 21,5% na comparação entre 2019 e 2020. As coletas do antígeno prostático específico (PSA) e de biópsia da próstata que, junto com o exame de toque retal, diagnosticam a doença, registraram quedas de 27% e 21%, respectivamente, como mostram as informações do Sistema de Informações Ambulatoriais, do Sistema Único de Saúde (SUS).

Houve diminuição ainda no número de consultas urológicas no SUS (33,5%). As internações de pacientes com diagnóstico da doença caíram 15,7%. As consultas com um urologista também sofreram queda em todo país. Até julho, foram 1.812.982, enquanto em 2019 foram 4.232.293 e em 2020, 2.816.326.

Coletas de PSA também tiveram queda

Embora já tenham começado a ocorrer neste ano, as consultas ainda estão em baixa. “Até nós que trabalhamos em consultórios particulares começamos a perceber que pacientes voltaram a marcar consultas, mas realmente houve um período em que não foi possível trabalhar. Hoje, a gente já conseguiu recuperar quase 60% do movimento que havia antes da pandemia. As cirurgias estão voltando, mas em pacientes que já tinham indicações antes de todo esse processo”, afirmou o secretário-geral da SBU, Alfredo Canalini.

Ele contou que como os hospitais e centros de atendimentos tiveram que concentrar as atenções em pacientes atingidos pela pandemia, o medo de contaminação pela covid-19 afastou as pessoas da procura aos médicos. “Esses locais passaram a ser vistos como de maior risco de contaminação. As pessoas pararam de fazer as coisas. A gente percebeu isso não só nos novos diagnósticos, mas inclusive em alguns pacientes que estavam fazendo tratamento para câncer independentemente do tipo. Eles pararam e sumiram, resolveram não correr risco e ficaram em casa. Isso prejudicou muito”, disse Canalini.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) relata o atraso cirúrgico emergencial e eletivo durante a pandemia, no Brasil. Conforme o estudo, mais de 1 milhão de cirurgias foram canceladas ou adiadas. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram ainda que os procedimentos cirúrgicos para tratamento do câncer de próstata também foram impactados.

Exames preventivos devem ser realizados anualmente

Com esses resultados a SBU reforça neste ano a importância de os homens retomarem os cuidados com a saúde e voltarem às consultas médicas. A chance de cura cresce com o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Câncer de próstata

Com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem. Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), indica que em 2021 são esperados 65.840 novos casos, mas muitos podem nem ter sido diagnosticados. A SBU também obteve informações do SIM, que indicam aumento de 10% na mortalidade por câncer de próstata em cinco anos. Em 2015, eram 14.542, e subiram para 16.033 em 2019.

A preocupação com o atraso nas consultas médicas é que em 90% dos casos, em fases iniciais, o câncer de próstata pode ser curado. A glândula se localiza abaixo da bexiga. Dentro dela passa o canal da uretra, por onde a urina vai da bexiga para o meio externo. A vontade de urinar com frequência e a presença de sangue na urina ou no sêmen podem significar a presença do câncer numa fase mais avançada. Nem todo tipo da doença tem necessidade de cirurgia, quimioterapia e outros tratamentos, mas pode ser acompanhado por meio da vigilância ativa.

90% dos casos, em fases iniciais, o câncer de próstata pode ser curado.

O histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio é um sinal da necessidade de um exame nos homens a partir de 45 anos. Mas também os afrodescendentes têm risco alto de desenvolver a doença por questões genéticas. Além disso, a obesidade é motivo de alerta. Para os que não têm esses fatores de risco, a recomendação é que a partir de 50 anos procurem um profissional especializado em avaliação individualizada, para o caso de um diagnóstico precoce do câncer de próstata. Depois dos 75 anos, a orientação é de que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação.

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