Polícia

Continuam as buscas por brasileiros desaparecidos após naufrágio na Costa da Guiana Francesa

As buscas pelos 21 brasileiros que estão desaparecidos após o naufrágio de uma pequena embarcação que saiu da cidade de Oiapoque – distante a 590 quilômetros de Macapá -, com destino a Guiana Francesa e Suriname, contam com a ajuda de catraieiros e da Polícia Civil (PC) daquele município. Segundo informações preliminares, 25 passageiros ilegais estavam a bordo da catraia que saiu de maneira clandestina, na noite do último sábado, 28, e afundou às proximidades de Kouru.

“Essa voadeira saiu da área portuária aqui de Oiapoque, inicialmente, levando 17 passageiros e três tripulantes. Depois parou em Vila Vitória, onde mais cinco pessoas embarcaram. Foi uma verdadeira tragédia. Até agora só foram resgatados três sobreviventes, sendo dois homens e uma mulher. Um corpo foi encontrado. Já em face de decomposição. Mas, possivelmente era de um homem de estatura pequena. Há várias voadeiras de coiotes que estão no mar tentando achar os passageiros. Esse local, aonde aconteceu esse naufrágio, tem muita maresia. Eu só fui informado da tragédia na quarta-feira e de prontidão acionei as forças francesas. Foi quando iniciaram as buscas. Se tivesse avisado no domingo, as chances de mais pessoas se salvarem seriam maiores”, lamentou o delegado Charles Corrêa, que auxilia na elucidação do caso.

A autoridade policial contou que é comum pessoas tentarem entrar de forma clandestina no lado francês, utilizando os coiotes, sem se preocupar com os riscos. “Eu estive algumas vezes fazendo essa travessia, e é comum as pessoas não fazerem o uso de coletes. Nem mesmo as crianças. Quando estão usando, é quando o próprio passageiro leva. Não tem fiscalização. Até porque, são, em sua maioria, clandestinos. Nesses meus 11 anos de fronteira, já acompanhei muitas tragédias. Em 2012, 18 haitianos morreram afogados numa dessas viagens. Porém, essa foi a maior”, enfatizou o delegado.

Delegado Charles Corrêa

De acordo com relatos de sobreviventes, passava das 22h quando uma forte maresia virou a embarcação. Uma das vítimas resgatas contou que a voadeira estava super lotada e com aproximadamente 700 quilos de carga em mercadorias. Ela também detalhou os momentos difíceis que viveu, quando ficou a deriva por muitas horas. “Esse homem colocou muita gente na catraia. Saiu com pouca gente de Oiapoque, mas entrou mais gente no meio do caminho. Nós encontramos em um barcos de pescador e eu disse que não queria mais ir. Chegou a ter uma discussão feia entre um passageiro e o ajudante do piloto, porque percebemos que ele não entendia de ‘andar’ no mar. A maré estava muito agitada. Quando vimos, começou a entrar água e desabou tudo, afundou de uma vez e todo mundo caiu no mar. Tive que beber água salgada. Fiquei horas, dias e noites a deriva sem conseguir dormir, naquela imensidão de água, sem ver nada e nem ninguém”, relatou a vítima.

A direção da investigação, segundo a imprensa francesa, foi confiada à gendarmaria marítima. Participaram da operação de buscas o exército, do SNSM e o bombeiro Um helicóptero da polícia também foi chamado. Uma grande operação coordenada foi lançada tanto pela Guiana quanto pela Martinica, para tentar encontrar os restos do barco para melhor determinar a área precisa do naufrágio. O mar agitado torna as operações de busca mais difíceis. As autoridades estão mantendo seus esforços para tentar encontrar o maior número possível de sobreviventes. A esperança é  que os passageiros tenham nadado até a costa.

Um inquérito policial francês para apurar o naufrágio foi instaurado. O titular do Ciosp de Oiapoque ajuda nas investigações. “Estou colaborando para elucidar a autoria do crime para os franceses. Sabemos que a capacidade da voadeira era para 10 pessoas. A última notícia que recebi por volta das 12h de hoje, é que vários corpos foram encontrados. Mas, estou aguardando o retorno telefônico do presidente do inquérito para oficializar essa informação”, ponderou o delegado.

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