Cidades

Cotistas aprovados perdem matrícula em Unifap e protestam

Após análise da comissão independente, 101 alunos não são admitidos na universidade.

Candidatos aprovados no processo seletivo da Unifap, por cotas, protestam nesta quarta-feira, 6, alegando injustiça nos resultados da avaliação presencial de cotistas onde 101 alunos foram não-admitidos. Os resultados foram divulgados nesta terça, 5, e a análise foi feita por uma comissão de heteroidentificação independente da universidade, que avaliava fenótipos de negritude como cabelo, pele e traços visuais.

Alberto foi aprovado, mas não foi considerado pardo pela comissão

“Eu me inscrevi, fui aprovado, mas fui negado como não sendo pardo”, afirma Alberto Henrique, de 26 anos, inscrito em licenciatura em teatro, mas com matrícula indeferida pela comissão de heteroidentificação. A última  avaliação ocorreu na última quinta-feira, onde os candidatos foram convocados presencialmente à instituição para serem analisados. Anteriormente, analises à distância também haviam sido realizadas, causando o mesmo transtorno.

“Quando chegou no dia 10 de setembro o meu filho, Ivo Augusto, recebeu um e-mail da comissão de heteroidentificação da Unifap dizendo que ele estava admitido, que era só aguardar o numero da matrícula”, explica Paulo Marques, de 51 anos, pai de um candidato na situação. “Quando foi dia 16 saiu uma lista de pessoas que não estavam aprovadas e meu filho estava nela”. O filho de Paulo havia sido reprovado pela comissão na análise online, e mesmo recorrendo á avaliação presencial, a rejeição permaneceu.

Paulo conta que seu filho chegou a receber e-mail de confirmação da universidade

Parte dos alunos se manifestou em frente à reitoria da Unifap nesta quarta-feira, 6, protestando contra o fato. O pró-reitor de Ensino e Graduação, Almiro Abreu, respondeu em entrevista que, por meio da portaria n°04 do Ministério da Educação, as IES brasileiras escolheram comitês de heteroidentificação, compostos por professores das universidades ligados ao movimento negro e capacitados para esta função em especifico, que avaliavam os candidatos seguindo critérios fenótipo. 

Alunos protestaram em frente à reitoria

“A questão do cabelo, a questão do nariz, a questão da orelha, a questão dos olhos, a feição” explica o pró-reitor, citando aspectos de negritude considerados e ressaltando que a atitude da Universidade seguiu o que foi estabelecido pela portaria, sendo da comissão toda a responsabilidade pela avaliação destes critérios — comissão esta que não tem livre comunicação com os candidatos para evitar influências.

A maioria dos 101 indeferidos afirma que há injustiça na avaliação, por isso o protesto, mas agora, a única alternativa de recurso dos candidatos não-admitidos é por vias judiciais. O processo de matrícula se apoiou nas determinações da portaria do Ministério da Educação e já se encontra na conclusão.

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