Delegada do AP recebe prêmio por trabalho em defesa de crianças e adolescentes
A delegada de polícia do Amapá, Waldelice da Silva Carneiro, atualmente aposentada, foi uma das homenageadas com o Título de Doutor em Humanidade e medalha Zilda Arns. O evento, denominado Seminário Nacional e Internacional de Políticas Públicas para a Primeira Infância, aconteceu na manhã desta quarta-feira, 6, na cidade de Forquilhinha, no estado de Santa Catarina, no sul do país.
O prêmio, além de ser um tributo a doutora Zilda Arns – fundadora da Pastoral da Criança – também é um reconhecimento pelo trabalho realizado na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Representantes de todo o Brasil participaram da solenidade. Mas apenas oito deles foram agraciados com a honraria. Entre eles, Waldelice Carneiro, que é a primeira autoridade policial amapaense a receber o prêmio.
Com a voz embargada e em um discurso emocionado, ela descreveu a emoção de ter seu trabalho reconhecido. “Vocês não sabem a honra que é estar aqui. Desculpem a emoção. Mas é que polícia nunca é reconhecida. E, ao ouvir o meu histórico aqui, fiquei me perguntando: será que sou eu mesmo? Não é fácil! Ser polícia no Brasil e com honra, não é fácil! E por isso, eu me sinto muito engrandecida por este momento e por este reconhecimento”, expressou a delegada homenageada.
Wladelice relembrou do primeiro caso que investigou a frente da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Criança e Adolescente (Dercca), e que a fez se dedicar incansavelmente a causa e defender aqueles que não tem voz e vez. “Eu nunca esqueci. Foi de uma criança de apenas oito meses de vida, que o pai amassou tanto o peito dela, que ele quebrou todas as costelas e ela faleceu. Daquele dia em diante, eu dediquei a minha vida na defesa de crianças e adolescente. Foram 27 anos em prol desta causa. E acreditem, é pouco. Eu poderia fazer tudo de novo se ainda tivesse condições físicas. Então, eu quero agradecer a todos. Principalmente, àquelas crianças que eu pude ajudar, que eu pode levar um pouco de esperança naquele momento de dor. Trabalhar combatendo violência, não é pra qualquer um”, finalizou.
A coordenadora do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua do Amapá, disse se sentir orgulhosa em saber que a luta e dedicação de Waldelice não foram em vão. “Nossa missão, independente do lugar que ocupamos, é fazer pelo outro, o bem, doar o nosso tempo pela luta por garantia de direitos, e lutar por justiças. Isso sem querer méritos. Mas, reconhecimento é muito importante. Ser reconhecida nos enche de orgulho e nos faz ter a certeza que fizemos, e continuamos fazendo o que é certo. E quando tenho a oportunidade de ver alguém como você, receber uma homenagem por sua luta e dedicação, renovo minha esperança”, falou Lucinete Tavares.
Durante as quase três décadas que atuou como delegada de Polícia Civil no Amapá, Waldelice Carneiro esteve como titular na 1° DP do bairro Nova Esperança; Delegacia de Acidentes (Deatran) e Delegacia de Economia Popular e Fazenda Pública (Defaz). Mas foi a frente da Delegacia de Investigação de Atos Infracionais (Deiai) e da Dercca que ela desempenhou grandes trabalhos e que foram reconhecidos nacional e internacionalmente em 2019. Ela também esteve como Corregedora da PC; Coordenadora da PC nas operações em torno de Jaraguá na Força Nacional e foi presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente.
O título deveria ter sido entregue no ano passado. Mas foram suspensos devido à pandemia. Amanhã, 7, a delegada aposentada do Amapá irá falar sobre o sistema de garantia dos direitos das crianças e adolescentes e o sistema de Justiça; do trabalho que a Dercca e a Deiai realizam, juntamente com o Conselho Estadual de Defesa da Criança e Adolescente, bem como dos Conselhos Municipais.