Em audiência de custódia, Justiça decide que criminosos que aterrorizaram HE permaneçam presos

A Justiça amapaense converteu, na tarde desta sexta-feira, 2, para preventiva a prisão em flagrante de Alex Sandro Ferreira Damasceno, de 38 anos de idade, e Raryellson Souza Brito, de 23. Nesta quinta-feira, 1° de julho, eles praticaram uma série de crimes, finalizando com uma tomada de reféns dentro e em torno do Hospital de Emergência (HE) de Macapá.
De acordo com o delegado Leonardo Alves, plantonista do Ciosp do Pacoval, onde Raryellson foi apresentado, o bandido confessou a prática delituosa e revelou durante seu depoimento à autoridade policial que o alvo (a joalheira) foi escolhido aleatoriamente. “Esse indivíduo, apresentado na central de flagrantes, disse que o crime não foi premeditado. Que eles não planejaram, que não teve um estudo preciso do local. Eles simplesmente saíram de Macapá com o intuito de cometer um roubo”, contou.

“Ele alegou também que os dois residem em Macapá e que acharam melhor praticar o crime em Santana, porque eles supunham que lá não seriam reconhecidos como ladrões e poderiam ter a chance maior de êxito. Eles foram com essa ideia de cometer algum crime de roubo lá, em algum comércio. Por isso, estavam com outros objetos como marreta e chave de fendas. Só que esse assalto acabou frustrado, porque uma das vítimas reagiu”, completou Alves.
Ainda segundo o delegado, o criminoso afirmou que alugaram as duas armas de fogo, no valor de R$ 500,00 cada uma delas, e a motocicleta usada para chegar até o município e praticar a ação, pelo mesmo valor. Raryellson e Alex Sandro são cunhados. O delegado explicou que ambos já são reincidentes na prática de assaltos. “Eles já tinham sido presos juntos pelo mesmo crime, em 2016. Já são conhecidos da polícia e, checando informações junto ao Tribunal de Justiça do Amapá, descobrimos que eles têm mais de dez processos, cada um. E que já cumpriram mais de quatro anos de prisão. Mas estavam em liberdade, apesar de terem todas essas ações contra eles”, enfatizou.
Sobre a ação criminosa, a autoridade policial garante que o ato impensado da dupla colocou em risco a vida das vítimas e que, por isso, devem ser responsabilizados por cada crime. “Após serem frustrados com a reação da vítima que trocou tiros e acertou um deles, eles saíram correndo e iniciaram uma sequência de atos impensados e até desesperados para que viessem para Macapá receber atendimento médico. Só que nesse ato aconteceram uma série de crimes. Pensamos nós, que fizemos a lavratura do flagrante e o indiciamento deles, que cada fato é uma responsabilização diferente. Inclusive, com soma das penas”, explicou o delegado.
“Vejam só, o fato inicial foi a tentativa de latrocínio em Santana, tendo em vista que eles dispararam vários tiros contra a vítima que reagiu no local. De lá, eles pegaram uma pessoa em sequestro e cárcere privado, depois pegaram uma mulher, roubaram o carro dela. A sequestram e a mantiveram em cárcere privado. No trajeto tentaram ceifar a vida dos policiais militares que fizeram o acompanhamento tático. No hospital, fizeram mais uma vítima de sequestro e cárcere. E, nesse tempo todo, ficaram portando arma de fogo. A situação do cárcere foi qualificada tendo em vista que as vítimas sofreram um grave abalo psicológico, tendo o tempo todo com a arma na cabeça e sendo ameaçadas de morte. Eles estavam agressivos, trocaram tiros com a polícia estando com as vítimas ao lado e as chances delas serem alvejadas foi muito grande”, ponderou o delegado Leonardo Alves.
Até o fechamento desta matéria, a Polícia Civil não havia colhido a oitiva de Alex Sandro, já que o mesmo encontra-se internado após ter sido submetido a um procedimento cirúrgico. No entanto, o delegado garante que a falta do depoimento dele prejudicou o procedimento. Leonardo finalizou agradecendo e parabenizando as forças envolvidas na situação de crise. “Aplaudimos a atuação da Justiça e da Polícia Militar, que, desde o início, prestaram um excelente serviço. O que é típico da nossa PM. Eles são profissionais em resolver a situação da melhor forma possível. Deram a solução mais aceitável nesse momento crítico que a população de Santana e Macapá passou na tarde e na noite de ontem”, disse.
Relembre o caso
Por volta das 17h25, Alex Sandro invadiu o consultório médico do HE e manteve uma pessoa refém, após o veículo que ele e o comparsa estavam colidir com outro na esquina da unidade de saúde. A dupla estava sendo perseguida por equipes da Polícia Militar, depois de ter tentado praticar um assalto a uma joalheria, na cidade de Santana – distante 17 quilômetros da capital amapaense. O mesmo estava com um ferimento de bala, na região do tórax, e precisou de atendimento médico, logo após se render, cerca de uma hora depois do início da ocorrência.
“Eles tiveram sua ação frustrada pelos seguranças do estabelecimento. Houve troca de tiros e, na fuga, eles renderam um taxista que chegava a uma lavagem e um dos funcionários do local. Esse motorista foi obrigado a dirigir até Macapá e, nesse ponto, onde houve o acidente, ele conseguiu escapar dos criminosos. O lavador de carros não”, detalhou o major Kleber Silva, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
O outro bandido, Arielson, ficou em frente à Escola Coaraci Nunes, ao lado do hospital, onde agarrou uma senhora que estava em via pública. Encostado no muro e bastante nervoso, ele manteve a mulher sob a mira de uma pistola. A todo momento, o criminoso dizia aos negociadores do Bope que estava ouvindo vozes, que o ordenava a praticar a ação. A polícia acredita que o indivíduo estava sob efeito de drogas. O bandido só se rendeu e liberou a refém depois de mais de duas horas de tempo. A vítima precisou ser atendida pelos paramédicos do Corpo de Bombeiros, pois estava em estado de choque.
Durante o gerenciamento de crises, o atendimento no Pronto Socorro foi suspenso. Trabalhadores da saúde e pacientes que estavam em atendimento conseguiram se esconder dentro das salas. Quem procurava por atendimento era orientado pelo próprio secretário de Saúde do Estado, Ruan Mendes, que acompanhou tudo de perto, a se deslocar para outras unidades.
Após a rendição, Alex Mário foi levado para a sala de cirurgia e encontra-se em observação. Arielson foi conduzido e apresentado no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do Pacoval juntamente com as duas armas de fogo – um revólver calibre 38 e uma pistola – apreendidas com eles. A polícia já sabe que ambos são reincidentes no cometimento de crimes e já respondem por roubo.