Em coletiva, Sejusp e Iapen falaram sobre o episódio ocorrido na tarde de ontem em presídio

A Secretária de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), reuniu com a imprensa na manhã desta quinta-feira (7) para falar sobre o confronto ocorrido no pavilhão F3, e que resultou na morte de dois detentos.
Conforme esclarecimentos de Lucivaldo Costa, diretor do presídio, a motivação que levou os presos a guerrearem entre si, foi disputa pelo poder.
“Esse pavilhão é tido como um pavilhão neutro, então existem presos que saíram de várias facções criminosas que conviviam de forma harmônica. Mas, alguma coisa aconteceu lá dentro, que alguém resolveu assumir o poder, o controle dentro do pavilhão. Então isso levou a esse conflito que, infelizmente, culminou em dias mortes”, detalhou Costa.

De acordo com o diretor, alguns responsáveis pelo conflito já foram identificados e começaram a ser ouvidos pela Polícia Civil (PC).
A Sejusp também está investigando o caso. O secretário, coronel, Carlos Souza, revelou que desde ontem (6) a equipe de inteligência está em campo. Ele deixou ainda que um dos principais pontos de trabalho, é fazer o levantamento para descobrir como materiais ilícitos continuam entrando na penitenciária.
“Primeiro vamos descobrir a real motivação, mas creio que de fato foi a disputa pelo poder e a hegemonia dentro do presidio. Depois, não menos importante, é saber como esse tipo de material continua entrado ali. Então, a orientação da secretaria é que se faça uma apuração minuciosa e rigorosa para rever esses protocolos de segurança na cadeia, para que consigamos debelar esse tipo de atitude que vem ocorrendo. Existe um problema? Existe! Só pra se ter uma ideia, ontem foram apreendidos celulares, armas de fogo e munições, inclusive, de pistola, que não foi localizada. Imagina o risco que isso é opara os servidores”, alertou o coronel Carlos.

Segundo informações, alguns presos envolvidos no conflitos foram isolados em outras celas. A direção do Iapen estuda a possibilidade da transferência dos mesmos para outros pavilhões. Lucivaldo Costa revelou ainda, que após a decisão da Vara de Execuções Penais (VEP), que limitou a atuação dos Policiais Penais (PP) dentro da penitenciária, os internos se sentiram mais encorajados.
“Essa decisão limita a utilização de equipamentos letais dentro dos pavilhões por parte dos policiais penais. Isso, de certa forma, intimidou a categoria. Mas, dizer que essa decisão acelerou ou não essas questões dentro do Iapen, eu não posso dizer. Agora, é fato! Um sistema onde o preso está deixando de temer a força policial, que ali representa o Estado, com certeza faz com que eles se sintam mais encorajados a cometer outros crimes”, avaliou.
O conflito
O briga no pavilhão F3, que iniciou por volta das 14h20 desta quarta-feira (6), culminou com os assassinatos de Ygor Castelo Leal, de 26 anos, que foi golpeado com pauladas e estocadas, e veio a óbito no local, e Eder Rodrigues dos Santos, que foi alvejado com um tiro na região do tórax e chegou a ser socorrido até o Hospital de Emergências (HE), mas não resistiu.

Outros três presos foram feridos e precisaram de atendimento médico. Eles foram levados em ambulâncias do Corpo de Bombeiros e do Samu para o Pronto Socorro. Dois deles receberam alta médica e voltaram para o Iapen, e um segue internado.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi chamado para dar apoio em uma revista que foi realizada em celas dos pavilhões F2 e F3. Durantes as buscas, dois revólveres foram encontrados, além de telefones celulares e munições.
A PC iniciou a apuração dos homicídios.
Assim que as notícias sobre o confronto começaram a ser propagadas em grupos de whatsapp, familiares dos internos foram para a frente do Iapen em buscas de notícias oficiais.
Como forma de punição pela confusão gerada, o F3 ficou sem o banho de sol na manhã de hoje. A administração vai avaliar o comportamento dos internos e, baseado nisso, decidir se essa e outras medidas serão estendidas aos demais pavilhões.