Estado lança campanha para “Dignidade menstrual” de jovens amapaenses

Para promover atenção à saúde das mulheres que menstruam e combater a desinformação foi lançada no Amapá a campanha “Dignidade Menstrual”. O objetivo é levar informação e recursos básicos de higiene e de saúde íntima para o público em vulnerabilidade.
O projeto, que é coordenado pela Secretaria Extraordinária de Políticas para a Juventude (Sejuv), nasceu de um requerimento da deputada estadual Marília Góes (PDT) e traz à tona um assunto ainda mais amplo, grave e que precisa ser combatido, que é a pobreza menstrual. “Dignidade Menstrual” conta com uma comissão formada por jovens monitores e bolsistas do Programa Amapá Jovem e o apoio de uma equipe técnica de psicólogos, biomédicos e assistentes sociais, e será dividido em três momentos.
Com o lançamento, agora serão feitas rodas de conversas com distribuição de cartilhas educativas nos 22 polos de Macapá, além da arrecadação dos absorventes íntimos com meta inicial de 8 mil pacotes, somente na capital, que serão doados para as pessoas em vulnerabilidade social. Durante o lançamento da campanha, dados resultantes de censos feitos pela Sejuv apontam que ainda no início do ano o programa Amapá Jovem tinha 63% dos bolsistas do público feminino e, destes, 43% possuíam renda per capita familiar de até um salário mínimo. Um levantamento nacional diz que uma a cada quatro meninas faltam à escola quando estão no período menstrual, o que afeta o seu rendimento escolar e aumentam as chances de evasão.
Cenário que Gabrielle Maciel já viu de perto. Ela conta que o ambiente em que cresceu sempre foi em um cenário onde faltavam recursos para comprar absorventes por parte de suas amigas. “Aos 11 anos me senti muito desamparada. A minha sorte é que a primeira menstruação veio quando estava na casa da minha irmã mais velha, que me deu todo o suporte e orientação em um momento em que fiquei em prantos, sem saber o que estava acontecendo com meu corpo. E as meninas que não tem esse apoio? Muitas amigas não tinham dinheiro para comprar absorvente e usavam pedaços de lençóis para se forrar”, relatou a jovem que hoje tem 21 anos.
A pobreza menstrual está relacionada à falta de produtos de higiene, como absorventes, sabonetes e de condições básicas para garantir a higiene menstrual, o que inclui saneamento básico, água tratada, acesso à informação sobre saúde menstrual e educação. Sem opção, as mulheres nestas condições acabam se utilizando de recursos não higiênicos como jornal, papel higiênico, trapos de pano e até miolo de pão, o que causa problemas de saúde bem mais graves como infertilidade.
Dados mostram ainda que uma mulher gasta entre R$ 3 mil a R$ 8 mil ao longo de sua vida com absorventes, e que a cada 7,5 milhões de brasileiras, 213 mil não têm acesso a banheiros adequados, sendo 66% de pessoas que se consideram negras. Outro dado mostra que 17% das mulheres até os 19 anos e 11% com mais de 80 anos não têm acesso à água encanada no Brasil.