Ex-deputado Isaac Alcolumbre tem prisão preventiva revogada
Defesa tenta a soltura do investigado na manhã desta quarta-feira, 27.
O ex-deputado estadual e empresário Isaac Alcolumbre teve sua prisão preventiva revogada, concedida na última terça-feira, 26, pelo desembargador Cândido Arthur Ribeiro Filho, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Isaac foi preso no dia 20 de outubro na operação Vikare, da Polícia Federal, que apontou que o aeródromo, de propriedade do deputado servia como ponto de apoio para aeronaves suspeitas de tráfico internacional de drogas.
No parecer, o desembargador diz não haver evidências de que as condutas impostas ao empresário voltem a acontecer, e que não há no inquérito conversa direta entre Isaac e os traficantes, tendo seu nome relacionado apenas por ser dono do aeródromo. O empresário passou uma semana detido no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
A decisão também proíbe que Isaac tenha qualquer contato com os demais envolvidos. As alegações da PF sustentam que na pista de pouso os aviões provenientes de outros países, como a Venezuela, abasteciam no aeródromo e partiam com drogas para outros estados brasileiros.
A operação
Vikare visou desarticular uma quadrilha ligada ao tráfico internacional de drogas. Cerca de 300 policiais foram às ruas cumprir 24 mandados de prisão preventiva e 49 mandados de busca e apreensão em residências e empresas. Em Macapá, os alvos foram quatro imóveis e duas pessoas. As demais ordens judiciais foram executadas no Pará, Amazonas, Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Segundo informações, as investigações acerca do crime tiveram início em 2020, quando uma intensa movimentação de aeronaves de pequeno porte no Amapá chamou a atenção da PF. Durante as incursões, agentes federais encontraram destroços de um avião no município de Calçoene – distante a 365 quilômetros da capital amapaense -, adaptado para fazer o transporte de substâncias entorpecentes, e que havia sido incendiado, propositalmente, após cair em uma área de mata no mês de março, para ocultar crimes praticados. A polícia foi informada de que, na época, outra aeronave havia pousado no lugar para resgatar tripulantes e cargas.
Com o avanço das investigações, a PF descobriu ainda que o proprietário do avião havia sido preso no mês de junho, do mesmo ano, no Paraguai, quando aterrissava em outra aeronave com 425 kg de cocaína. Quatro meses depois, o dono do avião que deu apoio aos tripulantes em Calçoene foi preso em uma cidade paraense, após deixar Macapá, levando 450 kg de skank.
Ainda de segundo os levantamentos da polícia, um aeródromo, localizado em Macapá, servia como ponto de apoio logístico para as ações criminosas. Era lá que as aeronaves eram abastecidas com combustíveis e adaptadas para levar drogas para os outros estados brasileiros, bem como outros países como Colômbia e Venezuela.
Empresas de fachadas de cosméticos foram abertas para lavar o dinheiro do tráfico. Outra, no ramo de peixe, era utilizada para esconder o entorpecente e dificultar a ação da polícia. A organização criminosa era estruturada com mecânicos especialistas em aeronaves, pilotos e operadores financeiros.
Além dos mandados de busca e apreensão e de prisão, a Polícia Federal do Amapá representou, junto à Justiça Federal, pelo bloqueio de bens de 68 pessoas físicas e jurídicas, e o bloqueio financeiro dos investigados, que ultrapassaram R$ 5 milhões cada.
Os presos irão responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, poderão pegar 51 anos de prisão.