Execuções em Macapá acontecem a luz do dia e na frente de várias testemunhas, diz polícia

Há cerca de um mês, uma guerra declarada entre as Organizações Criminosas (Orcrim) que atuam em todo o estado do Amapá tem feito diversas vítimas. Inclusive, inocentes. Como foi o caso da pequena Ana Júlia Pantoja, de 5 anos de idade, morta no dia 15 deste mês, no município de Santana – distante a 17 quilômetros de Macapá -, e do garoto Yalisson Andrade de Moura, de 9 anos, assassinado quatro dias depois, na zona oeste da capital amapaense.
O que vem chamando a atenção das autoridades policiais, principalmente dos delegados que investigam os crimes de homicídios, é que as as execuções estão sendo praticadas a luz do dia e na frente de diversas testemunhas. Dando a entender que os criminosos estão cada vez mais seguros da impunidade.
Nesta terça-feira, 28, em um intervalo de duas horas de tempo, dois assassinatos foram registrados em Macapá. No bairro Cidade Nova – zona leste – por volta das 13h, Janilson de Vilhena dos Santos, de 32 anos, conhecido como “Gegê”, foi morto com pelo menos nove tiros, na passarela Lírio dos Campos, no fim da Avenida Maranhão. Para a polícia, o mesmo foi vítima de uma emboscada. Informações preliminares dão conta de que ele foi atraído para o local do abate após receber um telefone.

“Essa vítima não morava nessa região e chegou aqui em uma motocicleta, que foi encontrada nas proximidades. Infelizmente, o telefone celular dela não foi localizado. Com certeza, ajudaria bastante na elucidação desse caso. Populares não quiserem colaborar com a gente. Sabemos que o medo de uma possível represália, prevalece. Mas, vamos continuar as diligências e as investigações para chegar aos autores e na motivação de mais esse crime”, garantiu o delegado César Ávila, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa (Decipe).
Segundo informações, Janilson era velho conhecido das equipes do 6° Batalhão da Polícia Militar (BPM). Ele tinha passagem pelo rime de tráfico de drogas.
As 15h, na zona sul da cidade, no bairro Pedrinhas, Vinícius Gabriel Lima de Souza, de 22 anos, foi alvejado com cerca de seis disparos. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no pátio de uma pequena madeireira, às margens do rio, na rua do Canal. Militares do 1° BPM chegaram a fazer diligências na tentativa de localizar e prender os suspeitos. Mas, até o momento, ninguém foi identificado.

Os investigadores da Decipe, ao comando de Ávila, estiveram em mais essa cena de crime. No local, os policiais souberam que Vinícius foi executado depois de ter dado carona a uma conhecida. “Ele teria ido ao centro comprar um celular e depois veio deixar uma amiga no Araxá, próximo daqui. E deveria voltar para pegar a esposa. Só que antes de fazer isso, ele teria parado aqui no Canal das Pedrinhas e alguns indivíduos teriam encurralado e efetuado os disparos no mesmo. Sobre a identificação dos acusados, ainda não temos informações, não sabemos quantos eram, se estavam a pé ou em algum veículo. Em relação a vítima, parentes da vítima disseram que ele sofria de alguns transtornos mentais. No entanto, ele tem um histórico criminal grande. Com passagens por tráfico de drogas, roubo e violência doméstica”, revelou o delegado.

De acordo relatos, Vinícius Gabriel estava em uma motocicleta que havia emprestado de um conhecido. O veículo não foi encontrado no local. Entretanto, testemunhas disseram à polícia que o proprietário da moto teria ido buscar a mesma. A autoridade policial quer saber se a vítima chegou ao local depois de ter sido atraída ou se foi levada pra lá. “Ele não tinha telefone. Então, não sabemos se encontrou com alguém no caminho e essa pessoa o chamou pra cá, ou se o pegaram e o trouxeram. Tudo isso ainda vai ser levantando. Mas, desde já pedimos a colaboração mais uma vez da sociedade. Foi um crime cometido de dia e na frente de muitas testemunhas, em um local povoado, numa área de comércio. Então, sabemos que alguém viu. Por isso, pedimos que façam denúncias anônimas para o nosso Disque Denúncia que é o 99170-4302”, pediu Cesar Ávila.