Instrutora de dança, vítima de acidente em lanchonete, realiza campanha para viajar para cirurgia em SP

Imagine a situação: você sair de um ensaio e ir lanchar e um carro aparecer do nada destruindo tudo e lhe atropelar? A professora com 9 anos como instrutora de dança, Jéssica Castro, não lembra, mas passou por isso. Vítima de sequela ela tem espasmos de memória, além de ter ficado com o movimento das pernas limitado.
Jéssica passou por cirurgias e precisa da ajuda do marido, que também é instrutor de dança, Ricardo Jardim, para se movimentar em casa. Ela costuma esquecer rápido das coisas e precisa dele para lembrar. Para saber do seu acidente, teve que assistir vídeos e ouvir os relatos.

“Hoje me sinto impotente por ser dependente totalmente do meu marido, tanto para andar ou como tomar banho por exemplo. Ele que tem sido meu enfermeiro 24 horas. Não me abandona em nenhum segundo e vem cuidando de mim incansavelmente”, ressalta a dançarina.

O tratamento, exames, consultas e cirurgias foram feitos na rede pública, pois Jéssica e nem o marido Ricardo têm condições financeiras para arcar. Segundo ela, vem sendo difícil conseguir uma consulta em um neurologista, para ajudá-la.
“A minha fala não está normal, tem horas que preciso forçar para sair uma palavra, ou tem hora que minha língua enrola. Não sei o que aconteceu com meu cérebro e também não tenho dinheiro para consultar com um neuro. Enfim, tenho que me aceitar assim agora, porque voltar a ser como era antes eu sei que isso nunca mais serei. Estou aqui cheia de sequelas tanto física, como psicológicas. Não está sendo nada fácil, inclusive estou tendo acompanhamento psicológico para não chegar ao ponto de enlouquecer, porque a barra é pesada. Num dia você está bem e horas depois sua vida desmorona”, desabafou Jéssica.

Em relação ao acusado do acidente, Jéssica diz que nem ele ou o advogado dele procurou pelas vítimas, nem tentou ajudar pelo menos com as compras dos materiais de curativos que ainda precisa usar, nem remédios e tratamentos.
“Acho que me sentiria menos um lixo. Porque não temos nenhuma ajuda e ele nem sequer procurou as vítimas para ajudar de alguma forma. Sou autônoma com meu esposo. Todos os gastos que estamos tendo desde março com remédios e materiais para curativo saem todos do nosso bolso. Além de ter feito o que fez, não tem consideração alguma”, diz indignada a professora de dança.
Ela se diz pouco otimista com a justiça, pois destaca que ele não é o primeiro que irresponsavelmente dirige bêbado, atropela e mata pessoas no trânsito. “As vítimas ficam desamparadas, enquanto os causadores ficam soltos vivendo a vida como se nada tivesse acontecido”, lamentou.
“Eu só entrego nas mãos de Deus e inclusive sempre oro por ele. Que ele seja uma pessoa melhor, que evolua como ser humano, que isso sirva para ele analisar a vida que estava levando, que ele possa mudar, analisar tudo o que ocorreu. Eu não desejo nada de ruim para ele, mas as vezes fico indignada, magoada, triste, por ele está livre leve e solto na rua e quem está presa sou eu, sem poder ao menos trabalhar. O que eu fiz para isso? Hoje o certo é errado e o errado é que é o certo”, diz indignada.
Jéssica reflete sobre a campanha sobre dirigir e não beber e o comportamento de algumas pessoas. “O que eu concluo com isso é que vocês podem beber e dirigir de boa viu, galera. Fiquem tranquilos, dá em nada, relaxa. Se você matar um ou deixar sequelas não se preocupe, acontece fazer o que. Bora tomar uma? Sextou. Se dirigir, beba. Será que mudando o slogan, as pessoas mudam? Porque pedir para não dirigir bêbado não tem dado muito certo não”, ironiza.
Jéssica alega que precisa manter a força para levantar da cama todos os dias e que está vivendo um misto de sensações que nunca teve antes. Ela agradece a família, marido, amigos e seus alunos que sempre dão carinho, atenção e ajudam tanto na parte emocional, como financeira. “Foi graças a eles que consegui, para o dia 01 de agosto, uma consulta em São Paulo para fazer uma cirurgia dos ligamentos do meu joelho que foram rompidos no acidente. Este tipo de cirurgia não tem em Macapá. Para o custeio com a passagem e estadia, os amigos e família estão fazendo uma vaquinha digital”, disse.
“Sou muito grata por todo apoio e ajuda que eles estão me dando, por segurar minha mão quando eu estou prestes a cair. E como essa consulta surgiu essa semana e não posso perder ela, pois é muito difícil pra conseguir e não posso perder essa data. Agora estou na corrida contra o tempo para comprar as passagens para viajar pra São Paulo, hospedagem, alimentação e gastos com deslocamentos lá”, informou.
Quem puder ajudar pode entrar em contato pelo (96)98135-3797 ou enviar para o pix pelo CPF 83422498249, em nome do marido, Ricardo Wanderson Jardim Costa.
