Médico e pai de criança de 2 anos de idade são indiciados pela morte da menina

Adaílson do Socorro Tavares Souza e o médico Thiago Leite Saraiva foram indiciados pela morte da pequena Tamires da Silva, de apenas 2 anos de idade, morta no início deste mês. De acordo com o que foi apurado pela Delegacia Especializada em Repreensão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), a criança morreu vítima de negligência médica e displicência por parte do pai, Adaílson.
Tamires deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona sul de Macapá no dia 4 de agosto. Antes, ela havia sido levada pela mãe na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Congós e, segundo as investigações, mesmo com o quadro inspirando cuidados, a garota foi medicada e liberada por Thiago, plantonista daquele dia.
“Essa vítima passava um período com a mãe e outro com o pai, devido à uma guarda compartilhada. Foi justamente nesse tempo em que ela estava aos cuidados do genitor, que acabou adoecendo. Mesmo assim, ele [pai] não procurou atendimento médico. Quando a mãe recebeu a filha de volta, ela já estava bastante debilitada. Foi quando ela a levou ao hospital pela manhã, e o médico, que está sendo indiciado, a atendeu. Porém, ele só prescreveu uma medicação via oral e a liberou, quando o correto era ele ter determinado a internação imediata da criança e ministrado um remédio intravenoso, o que teria um resultado mais eficaz. À noite, quando o quadro agravou, ela foi levada à UPA e, chegando lá, a situação já era bem delicada. A equipe tentou reanimá- la, mas, infelizmente, não conseguiu”, disse o delegado Ronaldo Entringue, titular da Dercca.

O Inquérito Policial (IP), concluído nesta quarta-feira, 25, foi instaurado um dia após o fato. Várias pessoas foram ouvidas. Entre elas, o médico plantonista da UPA que detectou que Tamires havia adquirido a Síndrome da Pele Escaldada. “Esse pai chegou a falar em seu depoimento que a menina havia caído de uma escada. Mas, quando colhemos a oitiva do segundo médico que a atendeu, que viu as fotos das lesões, ele nos falou que a vítima estava com essa doença infecto bacteriana, que causa feridas por todo o corpo e debilita a pessoa até a morte. O laudo necroscópico apontou que a causa da morte foi hemorragia no coração”, detalhou Entringue.
Thiago e Adaílson foram indiciados por homicídio culposo, quando não há a intensão de matar. Com a conclusão do IP, o caso agora será remetido ao Ministério Público (MP).