Preso hoje no Rio de Janeiro, “Imperador” ordenou mais de 100 mortes só este ano, diz a polícia

O maior criminoso da atualidade do Amapá foi preso na manhã desta quinta-feira, 14, na cidade do Rio de Janeiro. Alberto Magno da Silva Lobato, de 30 anos de idade, o “Imperador”, foi localizado e capturado no Complexo da Maré, após uma minuciosa investigação da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que durou mais de um ano.

Apontado como o principal líder da facção mais violenta que atua no estado, Imperador estava escondido na comunidade da Vila do João. Era de lá que ele comandava as ordens para as inúmeras mortes que aconteceram em Macapá e nos demais municípios amapaenses.

O delegado de Mazagão, Anderson Ramos, acompanhado de um agente, recebeu o apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio, para adentrar o morro e dar cumprimento aos quatro mandados de prisão existentes contra o bandido, pelos crimes de homicídios, tráfico de drogas e organização criminosa.

Em uma coletiva à imprensa, o delegado-geral da Polícia Civil (PC) do Amapá, Uberlândio Gomes, juntamente com o titular da Draco, Estefano Santos, falaram sobre o êxito da operação, intitulada de Égide. “Foi uma investigação complexa, porque eles têm vários soldados, vários faccionados. Não é a primeira e nem será a última ação de combate incisivo a essas lideranças criminosas. Sabemos que o foco disso tudo é o comércio, é a mercancia do tráfico de drogas, a dominância de território”, disse o delegado.

“Esse alvo era procurado pela polícia há algum tempo. Era investigado há mais de um ano. Em um momento oportuno ele será transferido, provisoriamente, para Macapá, porque a decisão de prendê-lo emanou da justiça daqui. Os crimes foram cometidos aqui. Mas, logo em seguida, nós representaremos pela transferência dele para um presídio federal”, garantiu o delegado geral.

Uberlândio reconheceu ainda que as organizações criminosas são os grandes gargalos da segurança pública. Mas ele disse também que hoje o Amapá conta uma delegacia e policiais especializados no combate e desarticulação desse tipo de crime.

Segundo informações, ao entrarem na comunidade para dar cumprimento a determinação judicial, os agentes da segurança pública foram atacados por traficantes. O titular da Draco revelou que Imperador tem o domínio de pelo menos seis mil “soldados” do crime.

“A nossa ideia é que ele passe o mais breve tempo possível aqui. É um indivíduo que tem a periculosidade acima do normal. Ele tem um exército que o idolatra e obedece cegamente as ordens dadas por ele. Com essa prisão vamos começar a esmiuçar toda a vida desse indivíduo. Mas, já sabemos que só nessa última guerra ele decretou pelo menos 50 ordens de mortes. Tanto de membros de facções rivais como de integrantes da própria facção. Estimamos que só este ano, mais de 100 mortes foram determinadas por ele. Essa facção é a mais violenta, a que mais ordena matança no estado. 80% desses homicídios que ocorreram em decorrência da guerra entre as organizações criminosas, partiu dele”, disse Estefano. 

Durante o cumprimento dos mandos de prisão, os policiais fizeram buscas na casa que Imperador estava. No local, de acordo com informações, foram apreendidos computadores e telefones celulares que serão periciados. “Esse material coletado e várias outras provas adquiridas durante a prisão, com certeza vai fazer com que ele responda por todos esses crimes e passe um bom tempo na cadeia. E, se possível, vamos estender essas responsabilidades aos demais membros”, disse o titular da Draco. 

A polícia havia tentando prender o criminoso outras vezes. Os investigadores localizaram pelo menos quatro endereços por onde ele havia passado. Imperador tinha uma das principais funções dentro da facção. Ele fazia parte do conselho de morte. “Esse indivíduo é responsável por diversos homicídios aqui no estado. Há vários áudios em redes sociais dele expedido essas ordens de matança de membros rivais e membros da facção dominada por ele. A função dele dentro da organização é tida como ‘geral do livro negro’. Ou seja, o responsável pelos decretos de mortes. Ele faz parte do denominado conselho de morte da organização, que é composto por 12 líderes. Todos já foram identificados. Quando iniciamos a investigação, apenas cinco desses líderes estavam presos. Atualmente, todos estão atrás das grades”, ponderou Estefano Santos.

As investigações apontaram ainda que a organização criminosa liderada por Imperador possui ramificação em outros estado e até foram do país. “Ele estava tendo apoio no Rio de outros criminoso que garantiam a segurança dele. Alguns áudios que circularam por aí, mostram a audácia de um criminoso dessa envergadura. Fez um áudio, replicou nas redes sociais, assumiu a ordem para matar e desafiou qualquer autoridade. Temos a informação que aqui no estado ele tem cerca de quatro mil soldados. Os demais estão divididos em células no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia, além de países como Paraguai, Bolívia e Suriname”, detalhou Uberlândio Gomes.

Para a polícia, com a prisão do líder a onda de crimes que assolou o Amapá nas últimas semanas irão cessar. O delegado geral falou que além da prisão, a Polícia Civil vai intensificar as fiscalizações no setor econômico do crime organizado. “Quem tá na atividade criminosa, evidentemente, está pra ganhar dinheiro. E esse dinheiro é lavado. Então, além de nós prendermos o indivíduo, nós temos que ir atrás desses capitais, desses bens, fazer a apreensão. Então, temos que tolir a liberdade do indivíduo, mas também, temos que retirar dele esse poderio econômico”, finalizou.