Unifap aprova três projetos de pesquisa em edital do CNPq

Os Profs. Drs. José Carlos Tavares (Farmácia), Renato Hilário (Ciências Ambientais) e Irlon Ferreira (Química), da Universidade Federal do Amapá (Unifap), foram selecionados no “Programa Conhecimento Brasil – Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior”, chamada pública nacional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que visa apoiar projetos de pesquisa desenvolvidos em cooperação com pesquisadores brasileiros que vivem no exterior. O montante aprovado para as três pesquisas soma pouco mais de R$ 1,3 mi.
Executado pelo CNPq, o Programa é uma das dez ações prioritárias definidas em 2023 pelo conselho do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e faz parte da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) para o período de 2023 a 2030.

Bioativos amazônicos no tratamento de convulsões
O Prof. Dr. Irlon Ferreira lidera um projeto inovador que promete avanços no tratamento de duas doenças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo: o Alzheimer e a epilepsia. Com duração de dois anos, o projeto contará com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Vigo, na Espanha, fortalecendo o intercâmbio técnico-científico entre as instituições.
A professora Dra. Lilian Fauro, da Universidade de Vigo, atuará como pesquisadora visitante de curta duração na Unifap, colaborando com disciplinas, minicursos e coorientações. As mesmas atividades serão realizadas pelo Prof. Dr. Irlon na instituição espanhola.
Os pesquisadores investigarão o potencial terapêutico de compostos químicos conhecidos como amidas graxas naturais, encontradas em vegetais como o jambu – famoso pelo seu princípio ativo, o espilantol –, quanto sintéticas como agentes terapêuticos anticonvulsivos.
“Nosso objetivo é compreender melhor o potencial de bioprodutos oriundos da biodiversidade amazônica, promovendo-os em candidatos a fármacos para o tratamento da epilepsia, por exemplo, doença que impacta profundamente a qualidade de vida de milhares de pessoas”, explica o Prof. Dr. Irlon Ferreira.

O estudo promete não apenas avançar no entendimento dessa doença, mas também destacar a riqueza da biodiversidade amazônica como fonte de soluções inovadoras para a saúde global. “Com a união de conhecimentos e tecnologias do Brasil e da Espanha, a pesquisa abre caminho para descobertas que podem revolucionar o tratamento de condições neurológicas debilitantes”, afirma Ferreira.
Efeitos das mudanças climáticas no Rio Amazonas
O projeto do Prof. Dr. Renato Hilário será voltado para entender os efeitos das mudanças climáticas na dinâmica dos diversos ambientes que estão presentes no estuário do Rio Amazonas. Os trabalhos de campo serão este ano e as análises dos dados coletados será realizada em 2026.
“Como é uma região predominantemente de baixa altitude e as mudanças climáticas vão levar a uma elevação do nível do mar, isso vai causar alterações ambientais nessa região. Ela tem vários tipos de ambientes e alguns deles são inundáveis, como os manguezais, campos inundáveis de várzeas e florestas de várzea, e tem ambientes que não são inundáveis, como as savanas e as florestas de terra firme. O que provavelmente deve acontecer é que o período de inundação de cada um desses ambientes vai se tornando progressivamente maior à medida que o nível do mar vai subindo, então a distribuição desses ambientes no espaço vai acabar mudando por conta desse tempo de inundação que vai ser cada vez maior”, explica o pesquisador.
Empregando técnicas de modelagem computacional, a pesquisa buscará compreender como a elevação do nível do mar, o tempo de inundação e outras características do meio ambiente afetarão a distribuição atual dos ambientes nessa região.
A pesquisa também realizará uma amostragem de animais que estão associados aos ambientes que serão estudados para verificar quais espécies serão afetadas (tanto negativamente como positivamente), identificar possíveis alterações para as espécies ameaçadas de extinção, os refúgios seguros para algumas espécies, assim como os lugares que vão manter maior biodiversidade no futuro.
“Os resultados esperados são identificar quais as áreas-chave para conservação, quais serão as espécies mais afetadas, como será a distribuição dos ambientes no futuro. Isso tem importância para a parte ambiental, mas para as pessoas também, porque parte da economia da região está associada com o extrativismo, por exemplo, o açaí, que é muito mais abundante em floresta de várzea, estas devem mudar a distribuição espacial também e isso pode afetar as pessoas da região. Tem também a questão da pesca, da criação de búfalos, que também podem ser afetados pela distribuição dos ambientes”, observa Hilário.
