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Parceria entre Instituto Mamirauá e Bioparque da Amazônia possibilita estabilização de peixes-boi resgatados

A conservação é um assunto real que precisa de atenção. Sem o devido cuidado, muitos animais resgatados podem nunca mais voltar para a natureza. Para que isso não ocorra, uma parceria entre Bioparque da Amazônia e Instituto Mamirauá, que atua no desenvolvimento sustentável, trabalha na melhoria do atendimento a animais aquáticos resgatados, como os três peixes-boi que passam pelo processo de estabilização no parque.

A parceria, que foi oficializada em abril, mas já acontece desde 2016, é uma forma importante de garantir atendimento especializado aos mamíferos que estão na lista de animais ameaçados de extinção. Todos os três ainda são filhotes. Perpétua, a mais velha, foi levada para o parque ainda em 2019 e, atualmente, está com 1 ano e dois meses de idade. Buriti, o macho, foi resgatado no arquipélago do Bailique e está há oito meses no local. Fazendinha, a caçula, está há 15 dias no parque e tem um mês de vida.

Por ser a mais nova, Fazendinha tem recebido monitoramento e atenção integral. Como todo filhote, os três precisam de cuidados contínuos que exigem uma equipe especializada e integrada para garantir que eles possam voltar ao habitat natural. Nesse sentido, o espaço adequado é fundamental para a recuperação dos peixes-boi, já que eles são muito sensíveis, principalmente quando filhotes. Por isso, uma das lutas do Instituto é a criação de um centro de reabilitação de animais aquáticos, já que no parque só existe espaço para estabilização, que, apesar de ser um local seguro, ainda não está adequado para a espécie que necessita de tanques com profundidades específicas.

Danielle Lima, do Instituto Mamirauá

A pesquisadora Danielle Lima, do Instituto Mamirauá, explica que os filhotes socorridos não sobreviveriam na natureza sem a mãe, pois precisam de leite para se alimentar, e que, diante desse cenário, acolhê-los era a única alternativa para mantê-los vivos, mesmo que em condições não ideais. “Uma análise clínica nos animais é realizada quinzenalmente para verificar o peso e as medidas, e para termos um panorama do estado de saúde dos animais e a garantia de que estão evoluindo bem. Como não temos no estado um centro para a reabilitação, em dois anos, quando eles deixarem de se alimentar de leite, precisaremos transferi-los para Santarém, que é o centro mais próximo, para que, então, comecem a reabilitação, que pode durar em torno de seis meses, para iniciarem as tentativas de soltura na natureza”, explicou

Diretor-presidente do Bioparque Marcelo Oliveira “Temos projeto para a construção de um centro de reabilitação”

De acordo com o diretor-presidente do Bioparque da Amazônia, Marcelo Oliveira, já existem projetos para a construção de um centro de reabilitação com a estrutura necessária, e a cooperação técnica com o Instituto Mamirauá ajudará nesse processo e na luta contra a extinção da espécie. “Já existe um projeto para a construção do centro, e é de interesse do Município contribuir com a preservação da espécie. Mas ainda temos um caminho para percorrer, como a captação de recursos. Enquanto isso, continuaremos contribuindo com o cuidado dos animais da melhor forma possível”.

Geralmente o peixe-boi resgatado não é mantido em cativeiro. Ele passa por um processo de recuperação, que pode durar até três anos, em um ambiente controlado para que fique saudável e retorne ao habitat natural. A maioria desses animais é resgatada depois de ficar presa em redes de pescas ou órfãos devido à caça ilegal. No passado, a caça do peixe-boi foi motivada pela sua carne e couro. O seu couro, de alta resistência, era usado na confecção de polias, mangueiras e correias para indústrias.

No Brasil, são encontradas duas espécies – o peixe-boi marinho, que pode chegar a 700 quilos e 4 metros de comprimento; e o da Amazônia, que podem pesar até 450 quilos. Eles habitam em águas doces e salgadas, e costumam ser solitários e não formar casais ou grupos. O peixe-boi da Amazônia pode passar até oito horas por dia comendo e chega a consumir 10% de seu peso em um único dia.

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