Polícia

Carros de luxo apreendidos em operação da PF no Amapá poderão ser leiloados ou doados para as forças de segurança

Os 12 carros de luxo que foram apreendidos na manhã desta quarta-feira, 20, em Macapá, durante a Operação Vikare da Polícia Federal (PF) poderão ser leiloados ou doados para as forças de segurança. Foi o que disseram os delegados envolvidos na ação em uma coletiva à imprensa, que ocorreu agora a tarde na Superintendência da PF. As autoridades explicaram que esse tipo de bem, normalmente, é usado para ocultar a origem ilegal do dinheiro.

Autoridades policiais deram detalhes da operação durante coletiva

“Ainda vamos apurar quem são os verdadeiros proprietários desses veículos. Uma vez comprovado que foram comprados para dissimular esse capital ilícito, ao término das  investigações, iremos representar pela destinação desses bem. Ou eles poderão ser leiloados ou destinados para as forças de segurança”, disse o delegado Sobral, atual presidente do inquérito.

Dos 24 mandos de prisão preventiva expedidos pela Justiça, 16 foram cumpridos em nove estados. No Amapá, dos dois que tinham um foi cumprido. O outro alvo está sendo considerado foragido.

Durante cumprimento de mandado PF encontrou munições e armas

O nome do preso não foi divulgado pela Polícia Federal. Entretanto, nossa equipe conversou com o advogado Alessandro Brito, que confirmou se tratar do ex-deputado estadual e empresário, Isaac Alcolumbre. Brito disse estar na defesa do ex-parlamentar. Porém, garantiu que ainda não teve acesso aos autos.

Defesa diz que ex-deputado foi levado a PF afim de prestar esclarecimentos sobre o funcionamento do aeródromo

Em nota a defesa do ex-deputado disse que, o mesmo foi levado para a sede da Polícia Federal, afim de prestar esclarecimentos sobre o funcionamento do seu empreendimento, o Aeródromo Curiaú. Ele garantiu ainda que todas as atividades executadas no local são devidamente regulamentadas em contrato de locação. Isaac Alcolumbre Neto disse que está a disposição da autoridade policial para as devidas informações sobre a prática da atividade comercial e assegurou que seu aeródromo está sendo investigado por possível utilização indevida de terceiros.

A operação

Vikare visou desarticular uma quadrilha ligada ao tráfico internacional de drogas. Cerca de 300 policiais foram às ruas cumprir 24 mandados de prisão preventiva e 49 mandados de busca e apreensão em residências e empresas. Em Macapá, os alvos foram quatro imóveis e duas pessoas. As demais ordens judiciais foram executadas no Pará, Amazonas, Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Segundo informações, as investigações acerca do crime tiveram início em 2020, quando uma intensa movimentação de aeronaves de pequeno porte no Amapá chamou a atenção da PF.

Investigações começaram em 2020 após registro de intensa movimentação de aeronaves de pequeno porte

Durante as incursões, os agentes federais encontraram destroços de um avião no município de Calçoene – distante a 365 quilômetros da capital amapaense -, adaptado para fazer o transporte de substâncias entorpecentes, e que havia sido incendiado, propositalmente, após cair em uma área de mata no mês de março, para ocultar crimes praticados. A polícia foi informada de que, na época, outra aeronave havia pousado no lugar para resgatar tripulantes e cargas.

Com o avanço das investigações, a PF descobriu ainda que o proprietário do avião havia sido preso no mês de junho, do mesmo ano, no Paraguai, quando aterrissava em outra aeronave com 425 kg de cocaína. Quatro meses depois, o dono do avião que deu apoio aos tripulantes em Calçoene foi preso em uma cidade paraense, após deixar Macapá, levando 450 kg de skank.

Ainda de segundo os levantamentos da polícia, um aeródromo localizado em Macapá servia como ponto de apoio logístico para as ações criminosas. Era lá que as aeronaves eram abastecidas com combustíveis e adaptadas para levar drogas para os outros estados brasileiros, bem como outros países como Colômbia e Venezuela.

PF diz que aeródromo era utilizado como ponto de apoio

Empresas de fachadas de cosméticos foram abertas para lavar o dinheiro do tráfico. Outra, no ramo de peixe, era utilizada para esconder o entorpecente e dificultar a ação da polícia. A organização criminosa era estruturada com mecânicos especialistas em aeronaves, pilotos e operadores financeiros.

Além dos mandados de busca e apreensão e de prisão, a Polícia Federal do Amapá representou, junto à Justiça Federal, pelo bloqueio de bens de 68 pessoas físicas e jurídicas, e o bloqueio financeiro dos investigados, que ultrapassaram R$ 5 milhões cada.

Os presos irão responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, poderão pegar 51 anos de prisão.

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