A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26) está acontecendo na Escócia, na cidade de Glasgow, com o objetivo de debater as questões climáticas. O evento iniciou no dia 1º e vai até o dia 12 de novembro de 2021.
Vários temas e eventos acontecem durante a COP-26. Dentre eles está a exposição “For those who are to come”(“Para quem está por vir”), que traz o olhar dos profissionais Marcela Bonfim (Rondônia), Nailana Thiely (Pará), e Bruno Kelly (Amazonas), mostrando as diversas faces da Amazônia, os reais personagens da floresta, mulheres e homens que fazem o dia a dia da Amazônia brasileira.
A exposição teve a curadoria de dois jornalistas brasileiros apaixonados por cultura, o paulista Eduardo Carvalho e a amapaense Vanessa Gabriel-Robinson. Eduardo Carvalho trabalhou durante muito tempo cobrindo o tema ambiental para vários jornais no Brasil e, nos últimos anos, trabalhou como curador-assistente no Museu do Amanhã.
“Embora a região amazônica figure em diversos debates sobre nossas riquezas naturais, pouco se atentam e dar voz aos povos que lá habitam e sobre os desafios sociais e políticos da região. E esse contexto precisa ser entendido. Se não escutarmos essas pessoas, se não dermos espaço para os talentos da região, se não discutirmos a complexidade da nossa região em profundidade, a discussão sobre o futuro da Amazônia nunca será completa”, ressalta Vanessa.
Além da curadoria da exposição na COP-26, a jornalista amapaense também vai moderar dois debates que farão parte de uma programação paralela a programação oficial da COP-26. Esse foi um convite da Pipe Factory, um centro cultural em Glasgow que está realizando eventos liderados por ativistas, artistas e outros profissionais de vários lugares do mundo que acreditam que as discussões sobre as mudanças climáticas precisam ter voz e perspectivas mais diversas. Esses painéis vão trazer as vozes que não estão na conferência do clima, com assuntos que não estão sendo abordados com a profundidade e a atenção que merecem.
No dia 11 de novembro, o primeiro painel abordará o tema “O papel dos artistas da Amazônia para falar sobre os problemas reais da região”, e contará com a participação do diretor carioca Renato Rocha, criador do projeto Casa Comum, e dos artistas nortistas Roberta Carvalho (Pará), Wellington Dias (Amapá), André Satere Mawé (Amazonas) e Alcimar Vieira Reis (Amazonas). O segundo painel, no dia 12 de novembro, abordará a questão das desigualdades sociais na Amazônia brasileira.
“Esse segundo debate é uma provocação. Você não pode salvar a floresta se não há soluções efetivas para tantas desigualdades que existem na nossa região, da questão dos conflitos de terra até a falta de políticas públicas efetivas que melhorem a educação e a saúde de quem mora na região, principalmente nas comunidades mais isoladas”, explica Vanessa. O painel contará com a presença de mulheres dedicadas a discutir o futuro da Amazônia, como a pesquisadora da Embrapa-AP, Ana Euler, que é engenheira florestal e doutora em Ciências Ambientais e Florestais. Também estarão presentes as líderes Neidinha Suruí e Katia Akratikatejê, e a jornalista Katia Brazil, do site de notícias Amazônia Real.
Vanessa Gabriel nasceu em Macapá e cresceu em Santana, onde mora sua família. Ela se formou na Universidade Federal do Pará em Comunicação Social e tem MBA e Mestrado pela Universidade de São Paulo. Sempre gostou de escrever sobre cultura, Amazônia e seus personagens, e trabalhou em projetos culturais no Pará e Amapá, incluindo a produção de filmes e teatro. Antes de se mudar para Londres, trabalhou no Instituto Claro, onde gerenciou a área de patrocínio cultural da empresa.
Em 2010, ela se mudou para Londres com o marido Lewis Robinson, produtor musical britânico apaixonado por musica brasileira. Eles têm um filho de seis anos e todos os anos Vanessa visita a família e faz questão que o filho conheça mais sobre a sua cultura. Devido à pandemia, ela está há dois anos sem visitar a família, mas promete voltar no ano que vem. “Eu queria passar mais tempo e fazer um projeto com os jovens da área periférica de Macapá e Santana. E também queria ter a possibilidade de trabalhar mais com as universidades locais”, diz a jornalista.
Atualmente, ela é gerente de projetos da Prefeitura de Londres, onde é responsável por dois projetos estratégicos do atual prefeito, Sadiq Khan. Paralelo a isso, ela desenvolve projetos com foco na Amazônia e ainda é presidente do conselho da LAWRS, uma organização que ajuda mulheres latino-americanas vítimas de violência no Reino Unido. Em 2014, ela criou o 1º Festival de Cinema da Amazônia em Londres, só com produções feitas e dirigidas por profissionais da Região Norte, e faz parte do time da primeira Bienal das Artes das Amazônias, que acontecerá em Belém, em 2022.
