Em operação da Decipe, membros de facção são presos com dinamites, rádios comunicadores e sistema de câmeras
Agentes e delegados que compõem a Delegacia de Homicídios em Macapá desencadearam na manhã desta quinta-feira, 7, uma operação em bairros da zona sul da cidade e no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). O intuito da ação, segundo o delegado Luiz Carlos Gomes Júnior, foi dar cumprimento a dez mandados de busca e apreensão, e de prisão preventiva contra integrantes de uma organização criminosa envolvida em uma execução no dia 25 do mês passado no Araxá, que vitimou um homem conhecido como “Foquinha” e, cujo ato deixou uma criança de 3 anos com ferimento de arma de fogo.
As ordens judiciais foram cumpridas em residências de criminosos Araxá, Novo Buritizal e Muca. Um alvo foi localizo e duas pessoas acabaram presas em flagrante por portarem artefato explosivo (dinamite). Além disso, a polícia descobriu um esquema de monitoramento eletrônico que permitia aos bandidos terem acesso privilegiado da movimentação que acontecia na região. Câmeras foram encontradas em um poste, localizado na entrada e em pontos estratégicos da ponte e na residência de um dos presos.
“A partir desse homicídio, nós atuamos em cima da organização criminosa com o objetivo de prender esses infratores e reunir mais informações que possam nos levar a identificar os indivíduos que estão diretamente envolvidos nessa morte, e que acabou lesionando a criança. Conseguimos pegar vários materiais dentro dessa área onde a atuação do tráfico de drogas é forte. Eles [criminosos] utilizavam também câmeras de segurança para ter acesso ao monitoramento dessa área. Isso acabou permitindo que eles tivessem acesso antecipado a nossa ação. Inclusive, no celular de um dos presos a gente pegou alguns prints dessas imagens que eles captaram do circuito de câmeras. Esse grupo se utilizava ainda, de um sistema de comunicação através de rádios”, destacou Luiz Carlos.
Além da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa (Decipe), homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM), do Grupamento Tático Aéreo (GTA) e do Grupo Tático Prisional (GTP), participação da operação. Durante as buscas nas celas da penitenciária, foram apreendidas armas brancas (estoques) e telefones celulares, que serão periciados.
“Vamos analisar para fazer o link desses investigados que estão no Iapen com esses que estão aqui fora. Esses três indíviduos que nos prendemos são integrantes dessa organização e um deles está diretamente envolvido nessa ocorrência do bairro Araxá. Sobre a apreensão desses explosivos, eles foram encontrados na casa de um dos nossos principais alvos e que fazia o apoio logístico da organização criminosa, fornecendo armas. Esse indivíduo usava essa residência como depósito. Lá também encontramos um coldre de de arma, que nos dá o indicativo que existia uma arma naquele local. Mas, ele conseguiu se desfazer dela na área de lado”, acrescentou o delegado.
A autoridade policial disse que a especializada tem se empenhado não apenas para identificar os criminoso que estão envolvidos diretamente nas execuções, mas também os mandantes dos crimes. “As nossas ações são sempre pontuais e específicas com alvos certos. Considero que 90% dos homicídios que estão acontecendo é em decorrência da disputa entre as facções. São indivíduos que demonstram grande periculosidade. Mas, vamos trabalhar nas investigações, inclusive, para saber onde eles pretendiam usar essas dinamites. Acreditamos que, como eles estão em conflito, possa ser que fossem utilizados em algum atentado contra membros rivais ou até mesmo na prática de furto e roubo a agências bancárias”, avaliou.
No Brasil, a posse de material explosivos sem a autorização do Exército prevê crime no estatuto do desarmamento. Rener Alfaia da Conceição, que estava com a pessoa decretada, José Alberto Barbosa e Clei de Jesus Dias Pinheiro, presos em flagrante, foram conduzidos para a sede da Decipe e estão à disposição da Justiça.