Moradores do arquipélago do Bailique pedem retorno dos atendimentos da UBS Fluvial “A Doutora”
No arquipélago do Bailique, distrito da capital Macapá, moradores das comunidades ribeirinhas pedem o retorno dos atendimentos da UBS Fluvial Dra. Célia Trasel, conhecida como “A Doutora”, que prestava assistência em saúde a mais de 50 comunidades da ilha.
A UBS Fluvial foi inaugurada em maio de 2019, com espaço de consultórios, gabinete odontológico, sala de coletas e de vacina. Nela, eram oferecidas consultas médicas em clínica geral e ginecologia, bem como curativos, pequenos procedimentos, vacinas e consultas de enfermagem. No entanto, desde o começo deste ano, a embarcação não realiza mais o atendimento na região.
Moradores sentem falta dos atendimentos
Na Foz do Gurijuba, residem 30 famílias que pedem uma explicação sobre o desaparecimento da UBS. “Sentimos muito a falta do atendimento da doutora, ela era a única forma de trazer os serviços de saúde para a nossa comunidade. Algumas pessoas têm condições de ir para Vila Progresso ou para a capital quando precisam fazer exames ou de atendimento, mas a grande maioria não tem. Hoje, estamos cobrando uma resposta, pois não tivemos nenhuma explicação do porquê ela não veio mais fazer o atendimento”, disse a moradora Simone Silva.
Nossa equipe de reportagem foi até a região do Matapi, onde fica o estaleiro em que a UBS está ancorada. Lá, ela sofre com a exposição ao tempo, mas, apesar da pintura desgastada, aparentemente a embarcação não apresenta danos maiores. A última viagem da unidade aconteceu em dezembro de 2020 e, desde que foi inaugurada, já realizou mais de 20 mil procedimentos nas comunidades da região.
Sabrina Leite foi uma das moradoras da comunidade de Jaranduba que comemorou a instalação da UBS. Hoje, ela lamenta que uma unidade tão esperada tenha desaparecido. “Ainda lembro quando a unidade veio pela primeira vez ao Bailique. Recebemos ela com festa, porque sabíamos as melhorias que viriam com ela. Hoje, infelizmente, estamos desassistidos. Em caso de emergência, precisamos dar um jeito de chegar a Itamatatuba ou à Vila Progresso para poder pedir ajuda. A prefeitura não pode simplesmente extinguir uma embarcação que traz tantos benefícios para nós”, desabafou.
A embarcação foi adquirida por meio de programa do Ministério da Saúde, que fez o repasse de R$ 1.879.450,00, e de contrapartida do Município, de R$ 75.578,00 para a compra da unidade. A UBS Fluvial tinha como proposta a ampliação do acesso da população ribeirinha a procedimentos como consultas médicas e atendimentos de saúde bucal, grande carência da região.
A UBS Fluvial foi inaugurada em maio de 2019 e está abandonada
Em nota, a Prefeitura de Macapá disse que: “Quando o prefeito Antônio Furlan iniciou a atual gestão, de imediato, foram repassados os problemas da Unidade Básica Fluvial Dra. Célia Trasel. Ela estava sem condições de navegação. Por este motivo, a Semsa encaminhou ofício ao Ministério da Saúde solicitando a reforma da mesma. O ofício foi atendido e a unidade já se encontra no estaleiro para o início dos reparos”.