Operação Ômega: PF cumpre mandados de busca e apreensão contra desvios de recursos do SUS
Deputado estadual é um dos alvos.
Com o objetivo de apurar possível existência de associação criminosa voltada ao cometimento dos delitos de corrupção ativa e passiva, dispensa indevida de licitação, advocacia administrativa e associação criminosa, a Polícia Federal (PF), deflagrou na manhã desta quinta-feira, 7, a Operação Ômega.
Cerca de 45 policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão nos municípios de Macapá e Santana, em residências e empresa ligadas aos investigados. O grupo, conforme as investigações, teria participação de um político, um servidor da Secretaria de Estado da Saúde do Amapá (Sesa), além de um empresário.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, tendo em vista que dois investigados possuem prerrogativa de foro e os possíveis crimes foram cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
A ação de hoje é um desdobramento da operação Terça Parte, deflagrada pela PF no mês de maio. Na ocasião, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos para investigar possível cometimento dos crimes de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) e compra de votos.
Documentos apreendidos na Operação Terça Parte trouxeram indícios de que um político se valia de sua influência junto a um servidor da Sesa para favorecer determinada empresa de prestação de serviço hospitalar e garantir contratações junto à Secretaria, a partir de dispensa de licitação, envolvendo recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo verbas destinadas ao combate da COVID-19. Em troca, eram oferecidas vantagens indevidas aos agentes públicos na forma de pagamentos e negociação de cargos públicos.
A investigação apontou indícios que a negociação de cargos públicos em hospitais, com a indicação de aliados, ignorava critérios técnicos e interferia indevidamente na gestão das repartições hospitalares.
A investigação da Polícia Federal, verificou ainda que as contratações da Sesa, junto à empresa investigada, entre os anos de 2019 e 2021, totalizaram mais de R$ 15.700.000, sendo a maioria na modalidade de dispensa de licitação. Destes, cerca de R$ 1.150.000
em dois contratos assinados no ano de 2020, eram de recursos exclusivos destinados ao combate da COVID-19.
Os envolvidos poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de corrupção ativa e passiva, dispensa indevida de licitação, advocacia administrativa e associação criminosa. Somadas, as
penas podem chegar a 27 anos de reclusão.
Em nota, o presidente da Assembleia Legislativa do Amapá disse que a operação não possui nenhuma ligação com a nova gestão da casa de Leis, e que as buscas aconteceram única e exclusivamente no gabinete do deputado Alberto Negrão.
A assessoria do deputado Alberto Negrão informou que ele deve se pronunciar em breve sobre o assunto.