Em Oiapoque, coiote joga passageiros no oceano para escapar da polícia
Na tarde desta terça-feira, 12, uma perseguição policial a um homem acusado de fazer o transporte irregular de passageiros entre o Brasil e a Guiana Francesa por pouco não acaba em tragédia. De acordo com Charles Corrêa, delegado titular do Ciosp do município de Oiapoque – distante cerca de 590 quilômetros de Macapá -, após receber informações, os agentes se deslocaram para o cais, de onde o alvo saiu com 12 brasileiros, e lá puderam constar a veracidade da denúncia.
O destino dos clandestinos, segundo a autoridade policial, era o Suriname e depois os garimpos ilegais. “Nós retomamos a Operação Hórus e, dando sequência nas fiscalizações, desta vez no âmbito fluvial, onde seguimos firme no combate ao tráfico de pessoas e migração ilegal, fizemos o acompanhamento tático de um velho conhecido nosso por ser um coiote. Inclusive, essa pessoa já cumpriu pena na Guiana francesa por tráfico de armas e drogas. Então, recebemos a informação que eles ‘tavam’ se preparando para sair entre as 12h30 e 13h, que era o horário que eles acreditavam que nós policiais estaríamos almoçando. Porém, nós estávamos em campana no local esperando para dar o bote”, contou Corrêa.
Os criminosos não obedeceram a ordem de parada e empreendeu fuga. O delegado disse ainda, que os mesmos ficaram arremessando objetos e bagagens no rio para que a embarcação ficasse mais leve e alcançasse maior velocidade. “Precisamos fazer disparos para cima e, mesmo assim, eles não se intimidaram. Quando conseguimos emparelhar nossa voadeira na deles, o piloto, propositalmente, fez uma manobra que jogou todos os passageiros no oceano. Alguns não sabiam nadar. Os coiotes nadaram para as margens. Pensamos em ir atrás, mas acabamos retraindo para salvar as pessoas que estavam se afogando. Abdicamos da prisão para salvar vidas”, relatou o titular do Ciosp de Oiapoque.
Os três suspeitos de serem os responsáveis pela travessia ilegal de brasileiros para a Guiana Francesa conseguiram escapar, mas já foram identificados. O delegado garantiu que está solicitando junto a Justiça o pedindo a pessoa preventiva dos mesmo. “Recentemente, tivemos esses naufrágio onde muitas pessoas ainda estão desaparecidas. Por isso, buscamos combater esse tráfico de pessoas. Então, não vamos desistir até prender todos os envolvidos”, finalizou.
A embarcação onde os clandestinos estavam sendo transportados foi apreendida. Durante a patrulha fluvial, várias catraias foram abordadas. Informações dão conta que crianças sem autorização legal foram pegas viajando de São Jorge para Oiapoque. Elas foram conduzidas para a delegacia. O delegado acionou o Conselho Tutelar para averiguar se os menores estavam sendo traficados ou trazidos para o município para outros fins.
A Polícia Civil (PC) também realizou operações terrestres. A ação contou com o apoio da Polícia Militar (PM), Polícia Rodoviário Federal (PRF) e Polícia Penal (PP). Vários veículos foram abordados, em Barreiras montadas em pontos estratégicos. Um dos condutores não atendeu a determinação para parar. Ele foi perseguido e alcançado.
Durante as buscas veicular, os agentes da segurança pública encontraram anabolizantes escondidos em meio a frutas, na carroceria do carro. Os produtos, de acordo com informações, estavam na lista da Anvisa como droga ilícita. O motorista, que tem 37 anos, e já tinha passagem por tráfico de drogas e violência doméstica, recebeu voz de prisão e foi autuado em flagrante por tráfico de drogas e crime contra a saúde pública.