Polícia

Empresário, supostamente sequestrado, presta depoimento a polícia com controvérsias, diz delegado

O empresário Fábio Mendes, de 44 anos, esteve na manhã desta terça-feira (31), na sede da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa (Decipe), onde prestou depoimento.

Para o delegado Wellington Ferraz, Fábio relatou ter sido abordado, a altura do KM 6 da BR-210, por pelo menos seis criminosos, que estavam em uma motocicleta e dois carros.

“Ele deu alguns detalhes, nós fizemos alguns questionamentos. Algumas narrativas ainda são confusas, talvez pelo fato do que ele, em tese, teria passado. Mas em resumo, ele disse que estaria retornando de Santana, onde teria feito alguns negócios e, nesse trecho entre a rotatória do KM-9 e o local onde o carro foi localizado, ele foi abordado pelos indivíduos que estavam armados e colocaram capuz nele. Logo em seguida, ele teria apagado e perdido a noção do tempo”, detalhou a autoridade policial.

Ainda de acordo com a oitiva do empresário, ele trazia em seu veículo cerca de R$ 20 mil em espécie. Ele disse que não sabe precisar a localização, contudo, foi levado para um cativeiro onde foi torturado física e psicologicamente.

“Ele não consegue explicar se era um contêiner, mas era um ambiente confinado. E lá, ele teria sofrido pressões e foi colocado em sacos para ser asfixiado, ou coisa do gênero. Com isso, ele teria fornecido a senha do cartão do banco, mas teria falado que não tinha dinheiro guardado”, completou Ferraz.

Fábio Mendes falou que enquanto esteve nas mãos dos sequestradores, foi trocado de cativeiro pelo menos três vezes e, segundo o delegado, entrou em contradição em alguns momentos.

“Ele relatou que foi colocado no porta-malas de um carro e foi levado para uma casa. Porém, não soube detalhar. Aí, falou uma coisa, falou outra e acabou entrando em contradição. Talvez esteja confuso ainda”, avaliou.

O empresário finalizou seu depoimento contando que por fim, foi levado para uma região de mata e quando teve a chance, se desvencilhou e fugiu. Não sabendo dar detalhes de como foi parar no local onde foi encontrado.

“Nós tentamos reprogramar a narrativa dele, fizemos novas perguntas, mas o que ele tinha pra contar, era isso”, disse o delegado.

Chama a atenção da polícia, o fato dos criminosos não terem feito contato com a família, pedindo resgate.

O caso que no início estava sendo investigado pela Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP) e depois foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios, voltará para a DECCP.

“Precisamos dar andamento. Pegamos o depoimento dele, com algumas riquezas de detalhes, mas isso precisa ser confrontado, precisa ser verificado com outros dados. Precisamos entender se foi realmente isso, quem praticou e por que razão. E se não foi isso, também precisa ser esclarecido, porque a polícia é uma via de mão dupla”, finalizou o delegado Wellington.

Nossa equipe tentou conversar com Fábio. O irmão dele, capitão da PM, disse que o mesmo ainda estava muito abalado e não tinha condições de falar com a imprensa. Entretanto, o oficial relatou alguns momentos vividos pelo irmão.

“Ele havia saído da casa de uma cliente e ido até uma agência bancária em Santana, onde pegou o valor para pagar um fornecedor. Quando estava voltando pra zona norte de Macapá, pelo ramal do KM 9, percebeu que estava sendo seguido e conseguiu me mandar aquele áudio. Em seguida, ele jogou o telefone para baixo do banco, foi quando ele abriu a porta do carro, os caras pegaram o celular e quebraram. Depois disso ele foi rendido e apagado. Ele não conseguiu ver nenhum dos suspeitos porque ficou o tempo todo encapuzado”, contou o PM, irmão da vítima.

O capitão falou que o contato que Fábio tinha com os bandidos, era quando os mesmos entravam no local para torturá-lo.

“Eles colocavam saco na cabeça dele, diziam que os filhos dele estavam todos mortos, davam água suja e restos de comida pra ele se alimentar. Meu irmão conta que conseguia beber água da chuva através de uma goteira no telhado, que foi levado para outros lugares e, por último, para uma mata, escura, onde ele se aproveitou do momento que o bando discutia, para correr e fugir. Ele fala que chegou a ouvir três tiros”, relatou.

Relembrando o caso

Fábio Mendes sumiu na manhã do dia 21. Ele tinha sido visto pela última vez, deixando a casa de uma cliente, num condomínio na BR-156. O carro dele foi encontrado horas depois, abandonado, próximo a subestação da zona norte.

As forças de segurança fizeram inúmeras diligências na tentativa de localizar o empresário. Ele foi encontrado por populares, desorientado e perambulando em via pública, no bairro Santa Rita, na noite de sábado, 28.

Fábio no dia que foi encontrado

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