Médica pediatra alerta sobre aumento de casos de sarampo no Amapá
O Amapá lidera o número de contágio e de mortes por sarampo no país, com duas mortes registradas desde maio deste ano. De acordo com os dados da Fiocruz e Ministério da Saúde, já são 367 casos confirmados (80,5% do total).
Segundo a médica pediatra Carla Carvalho, que trabalha no Pronto Atendimento Infantil (PAI), o sarampo é uma doença infecciosa, altamente contagiosa e causada por vírus do gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. A doença pode ser contraída por pessoas de qualquer idade, mas tem maior incidência em crianças com menos de um ano de idade.
“Os dois óbitos por sarampo no Amapá foi de uma criança com sete meses de idade não vacinada e outra criança de quatro meses. Nossa preocupação com essa doença é grande aqui no Estado”, informa a médica.
Segundo Carla, o sarampo era algo que nem se pensava mais, pois o Brasil possuía o selo até o ano de 2016 da erradicação da doença, graças às campanhas de vacina que acontecia no país, mas o retorno da doença, os especialistas relacionam à queda na cobertura da vacina tríplice viral.
“Quando estava na faculdade, estudávamos sarampo pelos livros, era algo do passado, não tínhamos nenhum caso na época,e infelizmente, retrocedemos e a doença voltou, e a melhor forma de prevenção é a vacina e todos devem tomá-la, já que o calendário de vacinação é amplo e gratuito. As equipes de saúde dos municípios estão fazendo buscativas nas casas, indo de bairro em bairro e vacinando em domicílio aqui no Amapá”, informa a médica.
A pediatra alerta para a contaminação que é feita pelo ar, provocada por espirros, tosse e outras formas de contato com secreções contaminadas. Os sintomas do sarampo podem ser percebidos de 10 a 12 dias após o contato com o vírus. Por esse motivo, muitas vezes, a infecção do vírus não é percebida no curto prazo, o que auxilia na sua proliferação. Em estágios mais avançados da doença, complicações graves podem começar a expressar-se no indivíduo, como cegueira, encefalite, diarreia, vômito, infecções de ouvido e respiratórias.
“Uma pessoa contaminada pode contaminar 17 pessoas, por isso, as baixas taxas de vacinação provocam maiores chances de contágio em grande escala. Temos também a preocupação que as aulas presenciais das crianças estão voltando. Por isso pais e mães precisam levar as crianças para se vacinar para proteger seus filhos dessa doença”, alerta a médica.
Os sintomas mais frequentes de sarampo são: febre alta, mal-estar, secreções no nariz;
tosse, olhos vermelhos, manchas brancas dentro das bochechas, manchas vermelhas na pele (inicialmente no rosto e pescoço). O sarampo é uma doença que ataca o sistema imunológico de quem a detém. Sendo assim, infecções secundárias podem ser contraídas e provocar a piora do quadro clínico do indivíduo, até o óbito em casos mais extremos.
Caso alguma criança apresente sintomas e suspeita do contágio, a médica pediatra recomenda que é preciso levá-la à Unidade Básica de Saúde, e não ao Pronto Atendimento Infantil (PAI) para ser consultada.
“O risco de uma criança infectada no PAI é muito grande de contaminar outras crianças que estão em situações graves e com pouca imunidade, elas podem contrair facilmente, por isso alertamos os pais para se dirigir a uma UBS de atendimento de emergência, e relatar a suspeita, sempre manter a máscara e álcool em gel (parecido com a Covid-19). E não demorar para buscar atendimento”, informa a médica.