Quatro dias após ação, polícia flagra líder de facção com dois novos celulares na cadeia
Um desdobramento da Operação Queda da Bastilha, que foi deflagrada no último dia 14, e que expôs um sistema criminoso e fraudulento, atuante dentro e fora do presídio no Amapá, envolvendo servidores públicos, advogados e detentos, demonstrou falha na segurança e confirmou atos de corrupção descontrolada existente no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
Neste domingo (18), quatro dias após a ação policial, agentes da Polícia Federal (PF) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MPE), fizeram novas buscas na penitenciária e voltaram a apreender telefones celulares em posse do líder de uma facção que foi alvo na operação. Na enfermaria da cadeia, onde Ryan Richelle, o “Tio Chico”, cumpre sua pena, foram apreendidos dois novos aparelhos móveis.
De acordo com os promotores de Justiça que estão no caso, a investigação visa desarticular o núcleo de comando da quadrilha e seus tentáculos na sociedade civil e estatal. E, como consequência, enfraquecer o seu poderio econômico.
Em 2021, a guerra declarada entre duas organizações criminosas pelo controle do tráfico de drogas e outros crimes, resultou na morte de duas crianças inocentes. Uma no município de Santana e outra em Macapá.
Ainda segundo o MP, naquela época, o mesmo líder da facção flagrado novamente com celulares dentro do Iapen, já contava com o apoio dos advogados, policiais penais e o delegado da Polícia Civil (PC), presos na semana passada. Assim como de funcionários de empresa terceirizada que presta serviços ao sistema carcerário e os chamados “linhas de frente” das facções.
Conforme o apurado nas investigações, Tio Chico, assim como outros quatro líderes de organizações diversas, foram transferidos para a enfermaria do presídio por suposta doença grave. Contudo, há fortes indícios de que os processos em que foram deferidas tais transferências, foram instruídos com documentos ideologicamente falsificados pelos líderes dessas quadrilhas com apoio dos advogados e agentes públicos.
Os promotores de Justiça ressaltaram também, que combater o crime organizado é uma tarefa complexa e demanda muita atenção e empenho das instituições que o investigam, visto que, como já demonstrado, os líderes das facções, que praticam tráfico de drogas, roubos a estabelecimentos comerciais, homicídios de rivais e latrocínios, comumente, conseguem, por meio de corrupção, cooptar pessoas de diversos setores da sociedade e com grande poder econômico e influência, como autoridades públicas, advogados, empresários e políticos.