Pisco de Luz e Instituto Iepé levam energia solar a famílias extrativistas do alto da Araguari
A vida de 23 famílias extrativistas do Alto Araguari está iluminada, literalmente. Neste mês de maio elas receberam kits de energia solar e saíram da lamparina e agora as noites não serão mais de escuridão. As famílias vão aproveitar a lida do dia-a-dia com benefícios de ter luz.
Esse é o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Associação Pisco de Luz, que no Amapá foi realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e apoio da Fundação Rainforest da Noruega.
Segundo o voluntário da Pisco de Luz, Gustavo Rabelo, a equipe do Instituto Iepé tomou conhecimento do trabalho da Associação quando os kits foram cedidos ao freis franciscanos do parque do Tumucumaque. A partir disso se interessaram em levar esse benefício da iluminação residencial por fonte de energia renovável para 23 casas de mulheres pertencentes a Associação de Mulheres Extrativistas Semente do Araguari.
“Conhecemos o Décio do Instituto Iepé que entrou em contato conosco, e fornecemos dois kits de iluminação residencial que foram instalados ano passado, no entanto tiveram dificuldades, e assim foi pensado em levarmos nossos técnicos para ensinar como executar e fazer a manutenção dos kits”, relembra Gustavo.
Foram instalados em 23 casas, e a equipe de voluntários da Pisco de Luz teve a oportunidade de conversar com as extrativistas, como Meriaci Soares, a dona Maroca, que recebeu o primeiro Kit em outubro do ano passado e agora teve seu equipamento renovado com mais recursos.
“Ela ficou bastante grata, nos contou que tinha um gerador, mas por dificuldade financeira teve que vender, pois já não conseguia abastecer e o kit veio ajudar ela nas tarefas do dia-a-dia. Também instalamos na casa do Seu Aldo, que não tinha acesso à energia e não tinha nenhuma espécie de fonte. Ficamos muito felizes em poder ajudar e dar uma vida mais digna a essas pessoas”, destaca o voluntário.
O kit de energia solar é composto por uma pequena placa fotovoltaica de 10W conectada a um circuito inteligente capaz de controlar até sete ambientes, uma bateria de lítio de 8W, cinco luminárias de LED e interruptores distribuídos pelos cômodos das casas. Com pelo menos de duas horas de sol, a bateria é carregada totalmente e fornece iluminação por até cinco noites.
Sementes do Araguari
A Associação das Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari é formada por famílias da região, no município de Porto Grande, e produz cosméticos, como sabonetes e unguentos, a partir dos produtos da floresta e conhecimentos tradicionais. Anos atrás, algumas das famílias trabalhavam para o garimpo, mas hoje, estão ligadas a uma economia que tem como foco manter a floresta em pé.
Pisco de Luz
A Associação Pisco de Luz é uma organização não governamental que iniciou as atividades em 2017. O sistema criado para transformar energia solar em luz foi desenvolvido pelo empresário, morador de Brasília, André Viégas. Após visitar a comunidade quilombola Kalunga, na Chapada dos Veadeiros(GO) para trabalhos voluntários, ele percebeu a necessidade de levar até as famílias, a iluminação. Sem energia elétrica, as pessoas ainda dependiam de lamparinas para realizar tarefas noturnas.
André Viegas, atual presidente da Pisco de Luz, desenvolveu um sistema formado por uma pequena placa solar, um circuito inteligente e uma bateria de lítio recarregável. Esse kit é capaz de fornecer luz aos lares que ainda não têm acesso à energia elétrica.
“O nosso objetivo é levar para todas as residências de baixa renda uma solução acessível, limpa e sustentável de iluminação para que crianças e adultos possam apagar para sempre as lamparinas de óleo diesel, melhorando a saúde e preservando o meio ambiente para muitas gerações futuras”, informa o presidente.
A Pisco já atendeu mais de 350 moradias, espalhadas por comunidades de seis estados: Quilombo Kalunga/GO, Paranã/TO, Alto Parnaíba/MA, Lizarda/TO, Carolina/MA, Santa Filomena/MA, Município de Itacoatiara/AM, Careiro/AM e, por último no Amapá, no município de Porto Grande.
“Iniciamos a instalação dos sistemas de energia solar em uma comunidade próxima à Brasília. Após visitar o local e conhecer a realidade, notamos a necessidade de levar luz àquela população. Com o tempo, começamos a receber indicações de pessoas que conhecem outras regiões que enfrentavam a mesma realidade. No Amapá foi o Instituto Iepé. Fazemos um levantamento prévio da quantidade de moradores que podem ser atendidos e isso nos ajuda a elaborar estratégias”, esclarece o presidente.
A Pisco de Luz depende de doações e parcerias, pois os recursos são limitados. Por isso, eles precisam da colaboração da sociedade para que continuem ampliando o número de beneficiados.