Cidadania

Após 34 anos, família pode ser despejada da casa que ganhou de empresário

A família Araújo, uma das famílias mais antigas do Bairros Buritizal está passando por um momento turbulento e triste, pois estão sendo despejados forçadamente segundo o advogado Bruno Teles.

De acordo com Bruno, há 34 anos, a senhora Maria Jacinete Araújo, na época com 21 anos, recebeu um lote de terra medindo 25 x 40, de um grande empresário, proprietário de emissora de rádio, de armazéns e um dos maiores latifundiários deste Estado.

O terreno fica localizado entre as ruas Diógenes Silva, Professor Tostes e Acelino de Leão.
“O então empresário doou verbalmente o lote para Dona Jacinete construir sua casa e ali criar seus filhos. Como o terreno era muito grande percorrendo um quarteirão inteiro, ele fez apenas uma ressalva que em troca da doação do terreno, ela teria como obrigação não deixar pessoas invadirem o restante do terreno, que sempre foi objeto de ambição e de especulação imobiliária”, disse o advogado.


Após todo esse tempo o empresário, junto com sua então esposa, ingressaram com uma ação de dissolução de sociedade, e o patrimônio, avaliado em mais de 12 milhões de reais precisou ser dividido.

Em razão da dissolução, a esposa e sócia do empresário que também tinha conhecimento do negócio firmado, recebeu como parte do acordo o terreno onde a Dona Jacinete construiu sua casa.
Em resumo, no próximo dia 20 de novembro de 2023, o oficial de justiça juntamente com a Polícia Militar do Amapá, irão cumprir a ordem judicial de despejo.

“Soubemos que caminhões e tratores já foram contratados pelos empresários para derrubar o lar de 10 pessoas, entre elas: um bebê de 6 meses, duas crianças de 8 anos, uma adolescente de 17 anos, um idoso de 60 anos, dona Jacinete de 55 anos, além de dois filhos, genro e nora. Essa longa e triste história retrata muito bem a realidade de um país de desigualdades sociais, um lugar onde os mais afortunados tem um papel de atores principais, enquanto os mais pobres precisam gritar, mesmo sabendo que não serão ouvidos”, disse o advogado.

Ele completou “como advogado senti que os cinco anos do curso de direito não serviram para muita coisa, já que mesmo peticionando, encartando todos as provas e despachando um processo tão delicado, tive a liminar negada, e sabe lá Deus quando será julgado o mérito dessa causa. A liminar não foi negada por falta de técnica, foi negada por falta de humanidade, humanidade que infelizmente nem todos possuem, e quem sou eu para cobrar humanidade de um magistrado? Ou de um casal de empresários?”.

“A única coisa que me pergunto é porque tanta maldade, “senhores donos do terreno”, se querem o terreno de volta, abriguem essa família, Indenizem pelas benfeitorias, coloque-os em um lugar digno, tenham certeza que vou recorrer até o céu se for necessário para que essas pessoas não fiquem desamparadas”, finalizou.

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