Mestrando da Unifap sofre racismo e é agredido fisicamente em Santa Catarina
O aluno de mestrado da Universidade Federal do Amapá, Ferdinand Duroseau, sofreu ataque de racismo e agressão física no último dia 12, na cidade de Palhoça, área de praia do estado de Santa Catarina, quando foi comprar um energético em um mercadinho local.
Ferdinand Duroseau é estrangeiro, do Haiti, tem 33 anos e está no Brasil, pois foi selecionado pelo Programa de Alianças para Educação e Capacitação (Paec) na Unifap. No Amapá, ele fez amizades e se sentiu muito bem recebido e imaginou que os brasileiros fossem todos hospitaleiros.
De acordo com a noiva de Ferdinand, ele foi espancado por 4 pessoas, após ter tentando comprar um energético no armazém na cidade de Palhoça, mas ao perguntar se tinha o produto, o dono do estabelecimento disse para ele se retirar do local, porque ele deveria estar querendo roubar e disse que não vendia bebidas para pretos. Após isso, começou a agredir fisicamente o jovem. Quebraram o celular dele, rasgaram suas roupas e o machucaram.
Segundo o relato dele, a polícia foi chamada ao local, mas se recusou a realizar o boletim de ocorrência e levá-lo à delegacia, pois Ferdinand queria fazer o boletim. Mas foi deixado na rua, depois de ter ficado no camburão por 2 horas. “Foi quando dei por mim que tinha sofrido o crime de racismo, tanto pelo dono do mercado, os outros que me bateram, quanto pela polícia que não quis fazer meu BO”, disse indignado.
Ferdinand Duroseau é formado em Direito e Administração, mas nunca havia passado por uma situação igual, pois apenas foi fazer uma simples compra, sempre foi educado e nunca desrespeitou as pessoas, e nunca cometeu nenhum crime. Ele foi visitar um amigo na cidade de Palhoça e logo voltaria para o Amapá.
Em nota de repúdio, a Unifap pediu providências às autoridades do estado de Santa Catarina, para que realizem as diligências necessárias, para que os fatos sejam apurados e os agressores sejam punidos conforme a Lei. Prestamos nossa solidariedade ao aluno e à sua família. Relataram que a Pró-reitoria de Cooperação e Relações Interinstitucionais (PROCRI) acompanha o caso, inclusive, acionará o Ministério das Relações Exteriores para procedimentos cabíveis.
Ferdinand Duroseau está sendo atendido pela OAB, em Santa Catarina, e ainda se encontra por lá para resolver o crime que sofreu, mas anda sofrendo ameaças do dono do armazém, que disse a outros na cidade que está procurando ele para terminar o serviço que começou.
O advogado de Ferdinand vai solicitar as imagens das câmeras do mercado e, na segunda-feira, 18, irá até a corregedoria da Polícia para fazer a denúncia da guarnição. Segundo os amigos do mestrando, o perfil nas redes sociais do armazém está desativado, até no google.