Justiça

“Não tem como ter sido legítima defesa no caso do seu Maranhão”, dizem advogados de acusação

Os advogados de acusação do escritório VBM Advocacia que estão atuando no caso do assassinato de Antônio Candeia, de 80 anos, conhecido como seu Maranhão, assassinado covardemente no último fim de semana no município de Amapá, descartam a possibilidade de ter ocorrido legítima defesa para o atirador.

Para o advogado André Barroso a única tese que vai prosperar é que houve um assassinato qualificado. “Não tem como prosperar nenhuma tese de legítima defesa, uma vez que não existe legítima defesa do agressor. Quem começou toda a agressão, a discussão, a provocação foram os assassinos. Porque eu digo assassinos, porque embora um tenha puxado o gatilho, todos que estavam ali participaram para aquele fim, que foi a morte do seu Maranhão. Como é que vocês entendem que cinco pessoas estavam no local do crime e por que somente duas vão responder preliminarmente pela agressão?”, questionou Barroso.

Para Andrew Valente, que está atuando como assistente de acusação, ocorreu toda uma preparação no cenário do crime. “Há uma predisposição de tentar se criar uma criminalização da vítima. Eles foram em um conluio de 5 pessoas naquele momento, já sabiam que um deles estava armado, ele já desceu do veículo e aquela discussão já começou, ele com a arma atrás de si, ele a todo momento estava preparado a efetuar os disparos. Em nenhum momento a vítima empunhou uma arma, não ameaçou eles. Essas cinco pessoas, é indiscutível o fato de que elas tem pleno conhecimento das atitudes que estavam tendo e ressalto, que se esse vídeo não tivesse sido divulgado, em nenhum momento a vítima teria recebido apoio ou assistência ou ainda, tido alguma chance de sobreviver, uma vez que foi encontrada apenas horas depois do crime”, afirmou Andrew.

“Seu Maranhão, como era carinhosamente conhecido, morava a cerca de 70 anos no Amapá. Ele não era um cidadão letrado, era analfabeto, porém trabalhador, que tudo aquilo que ele adquiriu foi através de muito esforço e que em uma situação nós vemos que ele foi ludibriado, justamente por pessoas que acreditam que vivem num coronelismo, que acreditam que ele não era um cidadão letrado, que é um cidadão analfabeto. Acreditam que podem resolver tudo na bala, tudo no tiro, infelizmente ele foi vítima, porém agora nesse momento nós vamos buscar resultados, não apenas na questão do julgamento, mas também de satisfação para o anseio da alma que a família naquele momento se encontra enlutada e também toda aquela sociedade”, frisou Valente.

Para a advogada Diandra Moreira, o ideal é que todos que participaram desse assassinato sejam punidos. “Nós estamos acompanhando e queremos que todos que estava. Ali sejam punidos. Também gostaríamos de agradecer o carinho e as orações de toda a população do Estado do Amapá. Nós temos assistido uma comoção realmente que está até a nível nacional a respeito dessa situação. E nós vamos lutar para que a justiça seja feita”, disse.

Já Italo Matos informou que os advogados devem pedir o desaforamento do caso. “O pedido de desaforamento vai ser feito pela nossa equipe de assistência e acusação, junto também ao promotor justamente porque lá naquele local, por ser um local pequeno e onde todo mundo se conhece, pode ser que o jurado que vai estar presente no júri possa se sentir ameaçado pela perda do cargo ou qualquer outro tipo de ameaça. Então para que a gente evite isso e que isso influencie na decisão do jurado, a gente vai fazer o pedido de desaforamento para a comarca de Macapá”, finalizou o advogado.

Lembre o caso
O crime ocorreu na tarde de sábado, 23, quando Antônio Candeia, de 80 anos, foi assassinado a tiros numa fazenda no município de Amapá. O caso gerou grande comoção pois o vídeo do momento do assassinato foi filmado por uma pessoa que estava no local e espalhado nas redes sociais.

O atirador já está no Centro de Custódia do Zerão

O principal acusado de ter sido mandante do crime foi identificado como Francisco Canindé e está preso no Iapen. Já o atirador Antônio Carlos Lima de Araújo se entregou na delegacia de polícia em Macapá e a defesa alegou legítima defesa. Ele foi levado para o Centro de Custódia do Zerão por ser sargento da Reserva Remunerada do Exército Brasileiro.

Momento do assassinato

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