“Deus é o juiz de tudo”, diz filha de Jenife em ato que emocionou Santana e clamou por justiça pelo feminicídio da jovem

Em Santana, amigos, familiares e a comunidade se unem em um protesto comovente para exigir justiça pela morte brutal da estudante de medicina Jenife Silva, vítima de feminicídio na Bolívia.

A tarde do dia 8 de abril foi marcada por dor, comoção e resistência na Praça do Fórum, em Santana. Centenas de pessoas se reuniram em um ato em memória de Jenife Silva, estudante de medicina de 36 anos, assassinada de forma cruel na Bolívia. Ela foi vítima de feminicídio. O principal suspeito é um adolescente de 16 anos, com quem Jenife teria iniciado um contato recentemente. O corpo foi encontrado em seu apartamento, em Santa Cruz de la Sierra, com sinais de estrangulamento.

A investigação do Ministério Público boliviano confirma que a jovem foi morta por asfixia mecânica. Amigos que vivem na Bolívia relataram que o garoto teria mentido sobre sua idade. A tragédia mobilizou não apenas familiares e amigos, mas toda a cidade.
Entre as falas mais marcantes da noite, a pequena Jade Yasmim, filha de Jenife, tocou os corações de todos:
“Deus é o juiz de tudo. Ele sabe o que é o certo. É tão triste, mas eu tô um pouco feliz também, porque eu sei que ela tá nos guardando lá de cima. E ela queria ver a gente feliz. Eu quero ficar feliz igual como ela era.”
Ulisses Cardoso, amigo de longa data de Jenife, prestou uma homenagem repleta de afeto e memória:
“Ela era muito minha amiga. A gente fazia ação social juntos. Ela se vestia de Mamãe Noel e eu entregava presentes no nosso bairro. Ela me chamava de engraçadinho, por causa de uma brincadeira com o filho dela. É uma amizade de muitos anos. Não tem como não se comover com essa história. Ela representa muito pra mim e pra todos nós.”
A família enfrenta, agora, outra batalha: conseguir recursos para trazer o corpo de Jenife de volta ao Brasil. Uma campanha foi iniciada para arrecadação de fundos e garantir que a jovem possa ser sepultada em sua terra natal, cercada pelo amor de sua gente.
Sensibilizado com o caso, o senador Randolfe Rodrigues anunciou providências concretas. Ele se reuniu com representantes do Itamaraty, da Ordem dos Advogados do Brasil, do consulado brasileiro em Santa Cruz de la Sierra e com a própria família de Jenife.
“Estarei protocolando um requerimento para criar uma comissão externa que irá à Bolívia. Nosso objetivo é acompanhar o caso de perto, conversar com as autoridades bolivianas e mostrar que o Brasil está atento e exige justiça por Jenife. Também estamos solicitando um encontro com a embaixada da Bolívia para tratar diretamente com o governo daquele país”, declarou o senador.
Entre lágrimas, orações e pedidos de justiça, a memória de Jenife ecoou forte naquela praça. A dor da perda ainda é imensa, mas a união de todos mostrou que ela não será esquecida — e que a luta por justiça será incansável.